DEBALDE
m. s. cardoso xavier
Extrinsecamente platonizo
o que deveria revolucionar
debalde... sem terreno
para germinar
procuro tudo derivar
dissipar, protelar
globo trepidante
medo e bem estar trêmulo
amor imaginário, evitado
temor, prudência
felicidade rara ou inexistente
busco num momento
numa palavra,
numa esperança adiada
incolor, opaca,
buscando ser eu mesma
apaixonada, frágil e só
trêmula, um frio intenso
castiga-me nestes dias
invernosos
paira uma atmosfera sombria
também no social
círculos viciosos
desmandos seculares
amalgamados
procuro resistir
sonhando coisas novas
dimensões inertes
tentar romper amarras
conservantismo esclerosante
ao mesmo tempo presa
reverente
sem intransigência,
com sofreguidão
sacrossantos apegos
pragmáticos
sucumbo, evaporo, sacrifico
confundo realidade e sonho
rompo por instantes
as linhas rígidas
de demarcação
Rosto túrgido
banhado de poesia
momentânea
lanço olhar terno, abro um sorriso
desmancho logo, penitencio-me
risco possível erosão
convicção?
Postura imparcial conseqüente
revogo múltiplo sentimento
conciliar lirismo
politização consciente
dúvida hesitação
incrível surpreendente
dualista
liberta, presa
Antagonismo dois mundos
um infantil, sereno verdejante
outro, acre, adulto, complicado
lá recôndito
grito solto
ao infinito mudo
última instância
chega a definir-se:
és uma ultra-romântica
que sofre neste mundo
ultra-realista gigante!
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