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Contos-->Surreal -- 27/11/2003 - 20:01 (Dulce Baptista) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Surreal
Dulce Baptista

Aladim apareceu de repente e inquiriu ansioso:

- Onde está minha lâmpada?
- Em minha mão, respondeu o espírito zombeteiro. Descobri, ou melhor, redescobri que ela tem a chave da felicidade.
- Como assim? perguntou o dono da lâmpada já meio aflito.

A voz do espírito viera do alto, mas não se via nada.

- Acende por favor... aqui está muito escuro.
- Paciência Aladim; acenderei. Esta penumbra nada mais é que o sonho de um homem. Conversemos assim, pelo menos um pouco, pois a luz dissipa o mistério e nos faz desaparecer.

- Quero desaparecer. Aqui não é decididamente o meu lugar.
- De nada lhe adianta esse tom imperioso, meu caro. Com luz ou sem luz, somos obrigados a viver. Veja você: não sou mais que um espírito, mas estou mais vivo que nunca, embora preso a alguém.
- E eu com isso?
- Você é bem mais importante; já faz parte do inconsciente coletivo - refém, portanto, de todo mundo. Mas esse não é assunto meu...
- E de quem seria, por exemplo? A aflição de Aladim aumentava.
- De psicólogos, antropólogos, sociólogos, comunicadores. Essa turma sim, é aquela que gosta de achar explicação para tudo. O espírito divertia-se.

- Sim, seu espiritozinho enrolado; acende minha lâmpada.
- Calma, calma, meu amigo. Vou revelar: o Ministério Universal das Minas e Energia surrupiou por uns tempos o seu tesouro.
- Para quê?
- Oh meu príncipe, deixemos para antigamente tanta ingenuidade. Você não acha óbvio que todos ardam de curiosidade quanto à lâmpada de Aladim? Se não, vejamos: desde as remotas mil e uma noites aos gloriosos dias do petróleo, você viveu às custas da lâmpada maravilhosa. As crianças o amam, os adultos o invejam...mas agora os tempos são outros, meu amigo; mesmo toda essa mística não é o bastante para minorar a carência que paira sobre a humanidade. É preciso que o príncipe se despoje um pouco de sua exclusividade, pois o petróleo acabou, os rios estão secando e temos urgência de fontes alternativas de energia. E por todo esse tempo a única lâmpada que conseguiu ficar acesa não foi outra que não a sua. Nada mais justo que partilhemos esse segredo.

Aladim estava perplexo. Que espírito louco era esse que não dizia coisa com coisa...

- Bem, diante disso não tenho o que objetar. Só faço votos que esse tal ministério faça bom proveito da minha lâmpada enquanto estiver com ela, claro. E que seja por breve período, pois quero-a de volta logo, logo. Agora, seu espírito, esclareça-me apenas uma pequena dúvida...

- Sim?
- O problema da humanidade eu já entendi. Mas e você, afinal de contas, qual é a sua? Para que tanta luz, se prefere a penumbra...

- Ah, riu-se o espírito. O mundo é cheio de contrastes. Sol e chuva, noite e dia, guerra e paz, riqueza, pobreza, e outros tantos, sejam eles naturais, artificiais ou até conjunturais. Sei que você não é Maquiavel para entender essas coisas a fundo. Você é só Aladim e a Lâmpada Maravilhosa; já é muito. Mas voltando à sua pergunta: eu amo esses contrastes. São eles que produzem a angústia do Homo Sapiens que não sabe de nada. E é por intermédio dela que me liberto nos centros, nos terreiros, nos sonhos e nos inesperados da vida.

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