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Contos-->Emoções -- 29/11/2003 - 15:20 (Barbara Amar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Andrezza, ao sentar diante do teclado do computador imaginava-se como o pianista a tremer antes de atacar o concerto, tomado pelo receio de tê-lo esquecido. Após semanas de inatividade pousava, com enlevo, as pontas dos dedos nas teclas um tanto desgastadas. Acariciava-as. Contemplava-as com carinho. Que falta lhe fizeram, indispensáveis para sua escrita diária, onde derramava as inúmeras lembranças da sua longa vida.
Esperava, a qualquer instante, uma voz metálica a interpelá-la:
- Então, vamos?
- Claro. Qual o tema de hoje?
Como um clarão, rápido e violento, desfilaram em sua memória as ilusões que o tempo não conseguira de todo apagar; as poucas amizades sinceras; o sofrimento amargado pelos amores que a maltrataram, incapazes, contudo, de extinguir suas sedes de amar e viver.

Impressionante o efeito que despertava nos homens, velhos ou novos. Sedutora, a todos fascinava pela espontânea sensualidade a lhe brotar num sorriso, no jeito como balançava os cabelos, no simples volver de mãos. Amara e fora amada. Inspirara paixões doridas. Homens morreram por sua causa, independente da sua vontade. Outros enlouqueceram, perseguindo-a inclementes.

Um acontecimento inusitado a surpreendera na véspera e agora o rememorava, com certa perturbação.
Descia, apressada, a escada de um shopping quando seu olhar cruzou, no sentido contrário, com o de um belo rapaz. Devia ter, no mínimo, metade da sua idade. Mais um lance de escada e o destino interferiu, fazendo com que se voltasse. Lá estava ele, bem atrás, sorrindo. Mas como? Andrezza ainda olhou para os lados para conferir se era com ela mesmo. Seu coração acelerou quando trocou de escada pela última vez. O jovem havia desaparecido. A contragosto, ficou desapontada. Já atravessava a porta de saída quando o viu, lindo como um Deus grego, à sua espera. Sentiu o corpo afogueado quando ele caminhou em sua direção. Ela o aguardou fingindo tranqüilidade, com a manha da mulher experiente. Apresentaram-se.
- Olha, não sei o que me aconteceu, disse-lhe ele, quase se desculpando.
Andrezza notou seu tremor.
- Você é linda, murmurou.
- Sabe que tenho idade pra ser sua mãe? replicou, sorrindo.
A resposta foi curta e objetiva:
- Mas não é.
O riso foi inevitável. Talvez tenha sido este o único momento em que ficaram relaxados. Logo depois, tornou a se instalar aquela sensação estranha. Empatia? Descarga de ferormônios?
Ela repetiu três vezes seu nome e telefone, tal a dificuldade dele para anotá-los. Parecia em transe. Andrezza indagou:
- Por que tanta emoção?
- Você não tá sentindo também?
A fisionomia alterada do jovem a comoveu.
- Tô, confessou, sem graça.
- Sabe, acho que estou apaixonado por você!
A mulher cerrou as pálpebras, rápido, entregue àquele inesperado encanto. Em um rompante, Vítor quebrou o enlevo confessando a causa da sua agitação:
- Vou me casar amanhã!
Ela o fitou, incrédula. Confuso, jurou que a procuraria.
- Quando retornar da lua de mel pensou, divertida.
Despediram-se com leve beijo nos lábios; a carga emotiva a ponto de explodir.
- Você é linda demais, repetiu, embevecido, enquanto se afastava correndo e sorrindo como um menino.

18/09/03

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