Usina de Letras
Usina de Letras
18 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62283 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10386)

Erótico (13574)

Frases (50671)

Humor (20040)

Infantil (5457)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6208)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Vilas e Metrópoles -- 18/08/2000 - 02:23 (Isis Vidal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Convido o leitor a caminhar comigo em dois extremos da cidade: em seu centro comercial, onde todos andam apressados, sempre em contagem regressiva ,escravos de um horário alucinante. E uma outra face da cidade, de hábitos calmos, que embora já acostumados com a tensão de uma violência circundante, ainda se questionam sobre esse crescimento tão rápido e aparentemente descontrolado da metrópole.
Quem diria que nossa Avenida Paulista de imponentes mansões seria hoje essa floresta de concreto, com seus muitos arranha-céus detentores do capital? E por outro lado, quem diria que ainda encontraríamos vilas em alguns bairros da Penha?
Nesse contraste adorável, ainda reconhecemos nos rostos cidadãos, de preocupação com um monumento histórico, de orgulho da praça de um bairro, da admiração pelo parque. Sentimentos espontàneos e marcantes no caráter do povo brasileiro que ainda resiste às intempéries da situação económica e social do país. Oscilante cotidiano da nação, que se vê às voltas de novas buscas a cada ano, esperando melhoras e torcendo para que o coletivismo vença o individualismo.
Na entrada de uma vila, todos os sobrados com fachadas semelhantes, evidencia-se em cores e ornamentos, as casas dos mais idosos e dos mais jovens. Reparamos no olhar severo da senhora idosa que nos observa por detrás das grades trabalhadas que aparecem em todas as janelas da casa, que guarda em sua varanda um mural de azulejos azuis, com um lindo desenho ilustrando o início da construção da cidade de São Paulo.
Do outro lado daquela rua estreita, olhamos uma jovem carregando uma pilha de livros e cadernos, detêm-se em verificar se trancou a porta lisa em madeira, que se abre para uma varanda em tons pastéis. A jovem nos olha com certa curiosidade porém não se apega à observações e vai embora, deixando para trás sua casa sem muitos ornamentos, lembrando-nos os sobrados do modernismo Bauhaus, de Gropius e Mies, contrapondo-se em fachada, mas mesma volumetria ao sobrado vizinho.
Acompanhando essa jovem, chegamos ao centro da cidade, a uma artéria principal, chamada Avenida Paulista. Símbolo da cidade, se faz imponente em seus prédios ousados que traduzem em seu design e material utilizado, sua importància comercial, naquele núcleo onde o capital se comunica sem palavras. Lugar onde a iconografia é escultórica, com seus semáforos ditadores de nosso ir e vir; suas imensas telas hipnóticas irresistíveis em sua alta resolução de imagens; seus out- doors senhores incontestáveis de nosso consumismo.
Finalmente, nesse emaranhado confuso de ícones, arranha-céus, passos apressados, trànsito lento nos corredores de ónibus - aqueles muitos e indomáveis ónibus - chegamos a um lugar aprazível. O parque Trianon. Lindas árvores frondosas, mostrando em tamanho sua existência resistindo bravamente à tantos anos de mudanças incalculáveis. Verde exuberante presente e prisioneiro em plena avenida. Dentre grades e olhares de policiais militares, observamos a movimentação dos pedestres pelas largas calçadas da Paulista.
Sentimos uma mistura estranha de alívio e indignação, porque estamos aproveitando desse pequeno paraíso natural, livres da violência metropolitana, ficando aprisionados pelas grades e sob vigilància de policiais. Questionamos então até onde vai a liberdade do ser humano, até onde podemos ser independentes, sem sermos livres?

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui