Meus olhos quedam-se fitando o nada; uma música ressoa ao longe, como se vinda do fim do mundo embalada pela brisa que canta seu nome aos meus ouvidos; a sombra da noite traz o cheiro dos teus cabelos. A chuva escorrendo pela vidraça é grito das lágrimas que bebem o meu rosto.
Há um grito enroscado em meu peito sem tradução, parece um recado divino que a vã inteligência humana não traduz; desabo em choro convulsivo ao não ter palavras que expressem a força do amor que me faz te esperar, vou ao portão pra sentir no rosto o choro do céu que se mistura ao meu, você esta nas luzes da rua, no brilho das gotas, o teu perfume está nas folhas que parecem mansas e receptivas aos beijos que o céu afaga para nutrir verdes mais amanhãs , eu sonho te ver ainda hoje quando amanhã eu não adormecer e a tradução da enigmática palavra que reluta em eclodir boca afora fica adormecida no rascunho da alma que agora é dor de saber que se não posso dizer você ainda estará distante e não ouvirá.