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Cronicas-->Minha querida Geisa, perdoe-nos ! -- 09/04/2003 - 00:53 (Wilson Gordon Parker) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

[Crónica escrita em 23 de junho de 2000]

Fiquei muito triste com a morte da moça Geisa Firmo Gonçalves. Nunca tinha ouvido falar nela. Aliás, eu nem desconfiava da sua existência. Quando ouvi o seu nome pela primeria vez, ela já estava à caminho da morte. Não imaginava que algum dia iria chorar por ela.
Quem a matou foi um policia militar. O atirador faz parte de uma tropa de "elite", que tem o nome de "força de operações especiais". Foi criada no tempo da ditadura Vargas, e aperfeiçoada pelos militares que fizeram a quartelada de 1964, para combater estudantes, trabalhadores e povo em geral, impedindo que eles saissem às ruas, e clamassem por liberdade. Esta tropa de choque é basicamente treinada para saber matar no momento certo. É necessário que as pessoas estejam vivas, para que possam fuzilar algumas com esmerada técnica, sem matar outras. Estão sempre em busca da perfeição para matar. Uma adrenalina mortal fervilha nos seus cérebros, enquanto uma saliva sêca escorre de suas bocas. Olhos enlouquecidos, estão sempre procurando alguém que mereça ser morto.
A vítima, "deve" ser sempre um marginal da sociedade, localizado na banda podre do social, e que esteja pondo em risco alguém que está na banda boa. Quando o fato surge, cruel e real, não adianta pensar porque um está no lado "bom" e o outro no "ruim". O problema já deveria ter sido pensado, e encarado de frente, há mais ou menos uns cinquenta anos atrás.
No entanto, os governantes transferiram a solução da questão para a policia militar.
Transformaram os problemas sociais num caso de segurança pública. Lembram-se daquele tal de Rambo que matou um homem dentro do carro, pelas costas, num bêco lá em São Paulo? Eles tem vício de matar!
A morte de Geisa, serviu para constatar que a policia militar é composta por um bando de individuos que estão despreparados para exercerem qualquer atividade relacionada à segurança pública. Dar armas para a maior parte dos homens que estão naquela corporação, é incentivar a matança no Brasil. Parece um absurdo, mas um dos caminhos para se acabar com a violência aqui no país, seria desarmar as nossas polícias militares, pelo menos durante um tempo.
Depois da trágica morte de Geisa, alguns "técnicos" em guerra urbana, ou que nome tenha as operações feitas pelas policias militares nas cidades, estão exigindo armamentos mais modernos, alegando que uma inocente morreu porque eles não tinham armas adequadas para fuzilar o culpado. Alegam que não tinham rádios.
Mas para que rádios? O bando de elementos que cercou o onibus em que estava Geisa, não queria trocar idéias entre si, pois nenhum deles tinha nada na cabeça. Boca sêca e cabeça vazia, este era o estado mental e emocional de todos eles.
Geisa foi enterrada lá no Ceará. Jovem, cheia de vida e sonhos, morreu vitimada por uma série de absurdos, que acontecem em nossa sociedade há uma eternidade de anos. E os homens do poder nunca fizeram absolutamente nada para acabar com isto.
Mas na semana passada, o senhor presidente da República, acompanhado de alguns ministros, resolveu lançar mais um "produto" no mercado político-eleitoral, que é o tal plano "antiviolência". Mais uma reforma. Num linguajar sonolento e irritante, falaram em bilhões de reais, novos métodos, contratração de policiais, construção de presídios etc.
A frieza dos participantes, contrastava com as emoções vividas pelos brasileiros que assistiram ao vivo na TV, um bandido dar tiros para o ar, colocar o cano de sua arma na cabeça das vítimas, gritando que ia matar à todos, o rosto aterrorizado dos reféns, e para finalizar, o estúpido desfecho da tragédia, quando um policia militar matou a professora Geisa, e depois os seus colegas estrangularam o bandido dentro da ambulància.
A reunião dos executivos-políticos bem poderia ter sido feita à portas fechadas, como tantas outras o são, e depois distribuido um comunicado à nação. Hoje em dia, a demagogia é tentar fazer parecer que não se quer ser demagógo.
Entretanto, o tal lançamento público do plano antiviolência, serviu para se constatar que os burocratas governamentais estão mais perdidos e sem comando do que o "batalhão de forças especiais" da PM do RJ. Para um bom observador, dava para perceber que todos os presentes estavam distante do problema, tanto no seu lado humano como administrativo.
Entre outras coisas, o govêrno FHC foi descobrir depois de seis anos, que o ministério da justiça trata de tudo, menos do combate à violência.
Para finalizar, devo dizer que as letras minúsculas usadas nos orgãos públicos aqui mencionados, foi proposital.
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