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Artigos-->O terror é colorido -- 11/07/2002 - 19:41 (Jayme de Oliveira Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O melhor que temos a fazer agora é arrumar nossas malas e caminhar juntos para o inferno. Sei que alguns estão querendo desviar um pouco o rumo, algo como 180°, indo em direção ao paraíso, mas não creio que haja mais tempo para sonhos, muito menos enganações. E é bom partirmos logo pois o fim do dia não tarda. Enquanto caminhamos podemos pensar um pouco sobre os motivos que nos levaram a essa jornada derradeira.



Theodore Kaczynski, ex-professor de matemática da universidade de Berkeley, é um intelectual brilhante, embora pouco dado ao convívio social. Autor de um manifesto (Sociedade industrial e seu futuro - 1995) que ainda hoje inquieta o mundo pelo pessimismo fundamentado com que trata os resultados da corrida tecno-industrial, resolveu, a partir de 1978, enviar correspondências contendo bombas àqueles que, segundo o seu julgamento, contribuíam para esses avanços. Ganhou notoriedade com o apelido de Unabomber. Foram, durante dezessete anos, vinte e três atentados e três mortes. Preso em 1998, cumpre prisão perpétua. – É a ideologia gerando o terror.



Uma data histórica: 8 de março de 1945. Os alemães se rendem aos aliados. Poucos meses depois, ainda no mesmo semestre, os japoneses sucumbem no pacífico frente à superioridade numérica americana e perdem praticamente toda a capacidade de defesa. A segunda guerra estava em seus dias finais. No entanto, em 16 de julho daquele mesmo ano, Robert Oppenheimer, um físico renomado que conduzia uma equipe de cientista,s explode no Novo México a primeira bomba nuclear da história: Trinity, um teste.



Apesar dos protestos de parte da equipe envolvida no projeto, que sugeriu que a nova arma fosse apenas demonstrada aos inimigos vencidos, em 6 de agosto de 1945 a cidade de Hiroshima foi varrida por uma bomba batizada carinhosamente como "Little Boy". Três dias depois, Nagasaki foi exterminada por mais uma bomba atômica. É certo que nesses dois ataques o número de vítimas fatais ultrapassou a casa dos duzentos mil. Baseados no cenário que precedeu aos ataques, historiadores afirmam que não foi o ódio ou o revanchismo pela ofensiva japonesa à base naval de Pearl Harbour em dezembro de 1941 que motivou os americanos a cometerem tal feito maléfico. O que queriam era, tão somente, mostrar e impor ao mundo a sua superioridade. – É a megalomania gerando o terror.



Serra Leoa é uma república africana com quase cinco milhões de habitantes. Foday Sankon, líder da Frente Revolucionária Unida, interessado em manter o controle sobre a riquíssima produção de diamantes do seu país, aliou-se a nações vizinhas, para onde desvia as gemas, e trava contra as forças governamentais uma batalha tão sangrenta que acaba expondo seu próprio povo a condições de vida sub-humanas. Serra Leoa é considerado hoje o país mais pobre do planeta e a expectativa de vida dos seus habitantes, é menor que trinta anos. – É a ganância gerando o terror.



Quando, em julho de 1099, maometanos e judeus viram uma horda de soldados cristãos invadir Jerusalém, já sabiam que seriam vítimas das mesmas barbáries que aquela gente estrangeira vinha cometendo ao longo de sua viagem até ali. E em apenas três dias os cruzados eliminaram sistematicamente cerca de trinta mil moradores, homens ou mulheres. Segundo o relato do provençal Raymond de Aguiles – cristão e testemunha ocular da matança –, "cabeças, mãos e pés se amontoavam". Ainda de acordo com seus manuscritos, "no Templo e no Pórtico de Salomão homens cavalgaram com sangue até os joelhos e as rédeas". Quando não havia mais a quem matar, os europeus lavaram-se e saíram em procissão, entoando louvores e chorando comovidos de alegria. – É a religião gerando o terror.



Poderíamos continuar lembrando e encontrando motivos e culpados, mas já chegamos às portas do nosso destino. Só que para surpresa geral, elas estão trancadas. Talvez o inferno não exista mesmo ou talvez já estejamos vivendo nele. De qualquer modo foi boa a caminhada. Nela, pudemos perceber que o terror não possui uma única face, raça, credo ou cor. São inúmeros os motivos e todos nós temos nossa parcela de culpa, pois no fundo somos todos extremistas. – Uns por aquilo que fazem, outros, a grande maioria, por aquilo que deixam de fazer. De que lado cada um de nós está, não importa. O fato é que a humanidade inteira é, simultaneamente, vítima e algoz, e caminhará sempre junta para onde quer que nossa inconseqüência nos leve.
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