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Artigos-->A FELICIDADE É POSSÍVEL? -- 08/01/2000 - 22:32 (Vera Lucia Soares da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Algumas pessoas parecem viver com um único objetivo: tornar sua vida, a cada dia, pior." Foi isto que uma amiga me disse noutro dia, espantada com o que uma pessoa conhecida dela estava fazendo com a sua própria vida. "Você deveria escrever sobre isto", sugeriu-me ela.

Pessoas assim existem, mas, o que as faria agir assim ?

Quando pensamos na vida, na nossa vida, sonhamos com a felicidade. Apesar disto, nossos sonhos de felicidade não atravessam a barreira do possível. Pois, para que isto ocorresse, mais do que desejar a felicidade, seria necessário considerá-la um direito inalienável dos seres humanos. Isto é, a felicidade, mais que um sonho, precisaria tornar-se um caminho de vida.

A felicidade deveria ser, portanto, um caminho pessoal.

Uma vez que a felicidade se tornasse um objetivo a ser alcançado pela pessoa humana, os caminhos de vida seriam múltiplos. Tantos, quantas vidas houvesse. E não se diga que falamos de utopia, pois é exatamente de viver a utopia de que falamos: uma Pasárgada possível, um paraíso acessível.

Eis aí o primeiro entrave à felicidade: o bloqueio dos seus muitos caminhos. Para que cada um possa trilhar o seu caminho, deve conviver com os muitos caminhos trilhados pelos outros companheiros. O caminhar lado a lado não implica seguir as pegadas do outro, mas, deixar suas próprias pegadas na estrada. Quando cremos que a unanimidade de escolha significa a correção da escolha, colocamos uma barreira intransponível no caminho de nossa felicidade. Perdemos a mobilidade, quando prendemos o futuro do outro; só poderemos seguir nosso caminho, se não precisarmos voltar para trás para vigiar os passos do outro.

O segundo grande entrave em nossa busca da felicidade, é a busca da verdade. Esta busca reflete a nossa insegurança pessoal; nosso medo de errar e de perder o contato com o eterno. Entendemos que, se não errarmos nunca, estaremos a salvo da morte ou do seu terror: a dor. Neste estado de medo, não conseguimos permitir que alguém viva feliz de um jeito diferente do nosso, pois isto macularia a nossa verdade pessoal. No entanto, são muitas as verdades, como são muitos os caminhos.

O terceiro entrave à felicidade é o medo de não ser livre. Estamos sempre procurando mostrar que dirigimos a nossa vida, segundo nossos próprios critérios. Para isto, copiamos os pais, que nos parecem, desde a infância, as pessoas mais livres que conhecemos: podem mandar em todo mundo e fazer o que quiserem. Como crianças grandes, estamos sempre tentando escravizar alguém ao nosso prazer e fugindo do cumprimento às leis. Cumprir a lei, em oposição a fazer a lei, é escravizar-se ao pai/mãe cruel que nos oprime e nos impede a felicidade. Estamos sempre confundindo a autoridade com o autoritário.

O grande vilão é, então, o medo da liberdade: temos medo da nossa liberdade e da liberdade do outro. Teorizamos sobre o que é ser livre, mas não sabemos o que é isto, na prática. Tal como na agorafobia, quanto mais espaço temos, menos espaço queremos. Temos observado a intensificação do medo da liberdade: há um aumento dos casos de crise de pânico até entre as crianças; há um aumento dos casos de estupro; há um aumento da violência banal; há um recrudescimento dos casos de violação dos direitos humanos mais elementares, como o direito à habitação, ao conhecimento, à alimentação, à saúde, à locomoção livre etc.

Diante deste quadro, parece que é preciso assumirmos o controle de nosso caminho de vida e deixarmos que o outro faça o mesmo com o seu caminho. Será necessário conviver com as nossas escolhas e abandonar o mau hábito de colocar no outro a culpa de nossa tristeza e/ou frustração. Vamos precisar assumir a propriedade de nossas emoções e compreender que o outro não tem poder sobre o que sentimos. É o nosso desejo que impulsiona o que sentimos.

Que tal revolucionar a nossa vida ousando ser feliz ? É um desafio tentador para este final de século.
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