Sofia olhava o céu e viu o Sol que tinha ido embora.
Foi então que Sofia começou a inventar uma festa em que reunisse os astros: O Sol e uma das Três Marias,a Estrela D alva, apaixonados.
As Três Marias, Maria Dulce, Maria Dirce e Maria D alva moravam lá no céu.E se os dois fugissem juntos? Pensou.
O Sol também morava lá, nalgum lugar. As estrelas até pareciam que dançavam balé na festa de aniversário da estrela D’alva. Aquela que aparece quase de manhã, (ao anoitecer, é a primeira que aparece no céu) embriagada com a madrugada, causando inveja (desculpe, acho perigoso despertar e ou estimular a inveja nas crianças) à suas irmãs Maria Dulce e Maria Dirce.
Agora o cometa circular Halley, tinha acabado de passar ali por perto e só voltaria daí há 76 anos. Era muito tempo para
o cometa vagabundo do céu aparecer outra vez. Nessa embarcação eu não vou viajar. Bem que eu queria muito ir lá prás bandas da Via-Lactea, onde se fazem os melhores bailes da nossa Galáxia.
Foi então que...
Sofia parece que ouviu uma risadinha lá do céu.
- Será que as Três Marias acharam graça do que eu estou pensando? Sofia não entendeu direito aquilo.
Mas o fato é que ouviu uns ruídos lá no Cruzeiro do Sul, e pensou:
- Que pena que eu não fui agarrada na cauda do cometa Halley. Parece que o motorista dele vai pros rumos da Via-Lactea. Antes disso, na certa vai passar pelas constelações de Sagitário, Capricórnio e outras mais, que habitam por perto.
Sofia olhou de novo para o espelho do céu. A Lua, muito redonda e tão branca, prateada, mais parecia um botãode madrepérola presa da orla da noite.
Sofia quis ter agora um As-tro-lá-bio(?) girando num telescópio para poder entender o mistério escondido naquele celão tão grande, tão azul a se perder de vista. Um céu tão grande e fascinantemente belo.
Num de repente e tão de repente, uma camada de nuvens brancas e gordas veio vindo, veio vindo e cobriu a paisagem celeste, ocultando as estrelas.
Sofia ficou um tempão olhando, admirando o espelho do céu, lá longe. Depois sentiu sono e dormiu. E sonhou com milhões de astros. Todos desfilando na passarela do céu.
Enquanto dormia, Sofia a ver encantada aquela paissagem lá fora enfeitando a noite. A estrela D’alva toda melosa escorregando no tobogã do parquinho do céu.
De manhãzinha ela acordou, quando o galo cantava no terreiro. Meio acordada, meio dormindo ainda tentou refazer as cenas do sonho. Mas, é difícil o sonho permanecer na cabeça da gente. O sonho escapava, na certa subia para o espaço.
Sofia tentava capturar cada cena do sonho que era desviado para um terminal de vídeo da câmara filmadora da estrela D’alva, que gravava tudo. Dizem até que ela tem uma fita de sonhos gravada e que seu computador, com luz negra reconstrói todas as imagens sonhadas pelas crianças que se atrevem a entrar na pista de dança do céu.
Nesta hora, no seu sonho, Sofia viu o Sol namorando a Lua.
Viu quando ela deu um beijo estralado na bochecha dele.
A estrela D’alva, que não chega a ser uma estrela de verdade pois ela é o planeta Venus, um planeta que vive tentando ser promovido a estrela, fez cara de quem viu e não gostou da cena do beijo, enciumada com os dois namorados assanhados. Mas, depois fez que não viu nada.
Afinal, é feio ficar espiando o segredinho dos namorados.
Como as pessoas pequenas adoram os poderes da estrela D’alva e pedem um desejo assim que ela aparece, então ela criou a fita dos Sonhos para registrar os pedidos dos clientes. Era o que Sofia acreditava. Então pensou...
- Será que ela registrou o meu sonho? Bem que podia ligar sua TV-Cabo e rodar a fita no vídeo! Queria tanto rever todos os sonhos que tive esta noite e os outros que sonhara nas últimas semanas!
E Sofia, mergulhada nas histórias que sua mente compunha, nem percebeu que era hora de ir para escola.
- Puxa! Preciso me apressar, senão acabo chegando atrasada e ficarei sem recreio. Ah, isso é que não!
Desligou a tomada do seu computador imaginário e saiu apressada rumo ao mundo real.
