O bigodudo, o careca, o gago, o fanho, o perneta, a puta, o barrigudo, o coronel, a loira manca, o gari, a cara-de-cachorro, o filho do chefe, o morcego, o macaco, o mecànico e demais emes. Não foge um, do alfabeto que seja, aos estereótipos eleitorais. Ignora-se o conteúdo, o fundo e as entrelinhas. Cospe-se no debate, na inteligência e onde mais respingar saliva. Resta a piada - como símbolo desta democracia - que Nelson Rodrigues chamou de "farsa". Com marteladas diárias de burrice, em nossos jardins da consciência, eles nos levaram para onde queriam.
As urnas eletrónicas marcam o ponto, cravando o sinal dos tempos que mistura do analfabetismo à informática, passando pela fome dos que se vendem por ela. Vale tudo, até piadas para anestesiar essa medíocre democracia, do povo que já não acredita em nada que não passe na televisão, que não ostente a moda e outros ufanismos. Caga-se dinheiro - peço desculpas, mas não achei outro verbo menos piegas (para chateação do jornalista Mário Pereira) - que anos de mandato não cobririam sem os devidos favores e apropriação indébita do nosso dinheiro e outras falcatruas que nem imaginemos.
Vem grana do tráfico de drogas e demais cartéis, transformados em relhos eleitoreiros, num massacre consagrador do poder sobre a vida. É uma merda só, que exala em CPI´s, que param quando começa a feder muito. Sabe-se que, revirando o excremento, chegar-se-ia nas privadas do poder, público ou não. Aí inventa-se uma copa aqui, uma jogada ali, uma novela acolá e bestializados estamos, no limite. Enquanto acabo de escrever, o àncora do jornal afirma: "o povo pediu, Luxemburgo atendeu, Romário de volta à seleção." Que festa, que festa. Deus é brasileiro!