Pra dizer a verdade
eu não sei quem é esta
que escreve ao teclado,
cuja cara lembra a minha.
Nem sei quem é esta
que alguns distraídos
vão chamando de poeta.
Nem entendo de poesia,
se é algo que a gente cria
assim, como as galinhas.
Só sei que dentro dela
vez por outra,
brotam abscessos, intumescências,
que causam dores terríveis
e em meio as dores,
como a santíssima mãe,
vai parindo palavras
a céu aberto
como quem faz sangria.
Não sei quem é esta que escreve,
nem sei se escreve poesia.
Ela só não pode conter
a sangria das palavras,
as mãos que buscam as teclas,
o pensamento com asas.
Não sei quem é esta.
Não sei se ela escreveu
o que você lê.
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