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Textos_Religiosos-->Dom Scheid fala sobre o trabalho dos enfermeiros -- 16/01/2007 - 15:40 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
«O inestimável trabalho das enfermeiras e enfermeiros», segundo o cardeal Eusébio Scheid
Arcebispo do Rio de Janeiro

www.zenit.org

RIO DE JANEIRO, sexta-feira, 12 de janeiro de 2007 (ZENIT.org).- Publicamos a seguir, o texto do cardeal Eusébio Scheid, Arcebsipo do Rio de Janeiro, escrito no último dia 9, e enviado para a redação de ZENIT, intitulado «O inestimável trabalho das enfermeiras e enfermeiros».


* * *


O INESTIMÁVEL TRABALHO DAS ENFERMEIRAS E ENFERMEIROS



No último mês, visitei diversas pessoas gravemente enfermas em hospitais, o que me levou a estar em contacto com as enfermeiras. Por isso, a elas quero dedicar as considerações desta semana. Perdoem-me os profissionais dessa área, pertencentes ao sexo masculino. Seu trabalho é igualmente importante. O uso do termo no feminino deve-se, apenas, ao fato de que essa tarefa é desempenhada por senhoras, em sua maioria.

Em primeiro lugar, dirijo-lhes meu penhorado agradecimento, pelo que elas representam dentro de um hospital. Para os doentes, as enfermeiras são fonte de segurança e reconforto; para os visitantes, são as intermediárias entre eles e a instituição, onde se encontra o seu ente querido. Com um sorriso acolhedor, um toque competente e gentil, são o rosto que humaniza qualquer internação, sobretudo as mais penosas.

A circunstância da doença acomete o enfermo em sua dimensão física mas, também, em sua dimensão psicológica e espiritual, sobretudo quando a situação é grave e dolorosa. Há quartos de onde saem gemidos pungentes... Então, verifica-se, freqüentemente, o problema do desânimo, do pessimismo, da angústia. Nas UTI’s, principalmente, o doente se vê isolado do convívio com outras pessoas, muitas vezes insone e sob o efeito de diversos remédios. A doença atinge a família, o emprego do enfermo e, até, a sociedade, num quadro mais amplo. Tudo isso é angustiante.

A questão desdobra-se, inclusive, numa dúvida de cunho teológico e existencial: “Por que a doença atinge determinada pessoa (ou a mim mesmo)? Qual a razão para isto? Será que a doença é necessária, como um caminho de pedagogia, de correção para o ser humano, ou ocorre, simplesmente, como um desgaste da natureza?” Quando o sofrimento atinge as crianças, inocentes que sofrem inconscientemente, os questionamentos tornam-se inevitáveis, mesmo entre pessoas de fé.

Somente na Cruz de Cristo encontra-se a resposta para este, que parece ser o maior dilema com o qual a humanidade se defronta: o sofrimento. Na Cruz, o sofrimento se transfigura em vitória, pois adquire caráter redentor. Além disso, os doentes são, para os que têm saúde, objeto da caridade, no seu sentido mais nobre de abnegação. O próprio Cristo se declara acolhido, na pessoa de cada doente: “Eu estava enfermo e me visitastes” (Mt 25,36).

Aqui entra a missão das enfermeiras, que exige uma qualificação profissional, humana e, até mesmo, espiritual muito grande. Elas precisam ser peritas nas questões de saúde e, também, nos relacionamentos. No trato com os médicos, aos quais estão subordinadas, as enfermeiras aprendem a conciliar a observância de normas e deveres com a competência de iniciativa e liderança, que lhes é essencial nos momentos de crise e de atuação junto a todo tipo de doentes.

Em relação aos enfermos, colocam-se ao seu lado, assistindo-os dia e noite, desenvolvendo uma certa empatia com eles, muito benéfica para a recuperação. Muitas atuam, inclusive, com tanta delicadeza e sensibilidade, que administram o tratamento necessário, sem importunar o paciente. Essa empatia brota da compaixão, isto é, leva a experimentar em si mesmo o sofrimento do outro. “Só pode ajudar ao doente quem sofre com ele”. Isto me foi dito por um dos maiores cirurgiões da nossa cidade.

Para os familiares e amigos visitantes, as enfermeiras também oferecem algum socorro. Quantos não ficam inibidos diante da realidade da doença e da dor, com a qual não estão acostumados a lidar? Freqüentemente, faltam-nos as palavras de consolo que gostaríamos de dizer, mas que calamos por medo, seja de mentir para o doente sobre a sua situação, seja de alarmá-lo. Então, as enfermeiras ocupam o nosso lugar, quando já não sabemos o que dizer.

Por tudo isso, é de desejar que a enfermeira seja uma pessoa que, pelo menos, creia em Deus. Muito melhor, ainda, se professar a fé verdadeira, pois, ao tocar no enfermo, ela saberá que está tocando na imagem do próprio Cristo: “Tudo o que fizestes ao menor destes meus irmãos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25,40).

Aquilo que se faz de bem, e o serviço que se presta ao enfermo, não passa sem recompensa diante de Deus. Por isso, recomendo às enfermeiras que executem seu trabalho, não apenas como forma de afirmação pessoal, ou meio de ganhar a vida. A enfermagem é, verdadeiramente, uma missão de cunho humanitário, que requer altíssima qualificação, e tem o poder de melhorar a vida das pessoas e, conseqüentemente, tornar a sociedade mais humana.

Durante a noite, o mundo dorme. Mas há os que velam, alguns por hábitos notívagos, outros por função profissional. Entre estes estão as enfermeiras, que, silenciosamente, se achegam ao leito dos doentes, respeitando o precioso sono que, muitas vezes, só chegou na alta madrugada, depois de angústias e dores. Lá não estão os médicos. São elas que, como verdadeiros anjos, acompanham os sinais vitais, como respiração, batimentos cardíacos, pressão sangüínea, temperatura, e proporcionam todos os cuidados primários, que o paciente deve receber num hospital.

Por tudo isso, quero manifestar a elas minha gratidão. Tenho o plano de fundar uma Associação de Enfermeiras e Enfermeiros Católicos, em nossa Arquidiocese, que vivam o ideal do Cristo médico, como os bons samaritanos dos nossos tempos: recolhendo a pessoa prostrada, cuidando de suas feridas, e fazendo-as reerguer-se, para voltar à vida normal (cf. Lc 10,30-37).

O Crucificado, que conheceu o mais profundo e terrível dos sofrimentos, para nos curar, salvar e redimir, os abençoe com abundância de graças, tornando sua missão portadora da misericórdia divina.

CARDEAL D. EUSÉBIO OSCAR SCHEID
Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro



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