Brasília, 8/10/2004
Incontáveis as vezes e
inumeráveis os momentos
em que me pus a buscar,
paciente, na memória,
a hora exata da tua chegada,
o preciso momento
em que vieste,
aportaste e entraste
na minha história.
Não sei dizer ao certo,
como foi que isto se deu:
não sei dizer, nem de perto,
de que modo isto nasceu.
Só uma coisa pude precisar:
tua voz chegou antes .
Antes de ti,
antes do teu olhar
Antes, muito antes.
Como um navio que se sabe
em algum ponto distante
cujo som de longe invade.
Assim, tua voz. Antes.
Como veio, continua.
Permanece.
Ressoa, ecoa, flutua.
Abraça. Beija. Aquece.
Há os sons da rua.
Gente vendendo coisas,
crianças no parque.
Mas só uma voz: a tua.
Há tanta coisa a ser dita,
tanta coisa importante...
e eu parada: meio tonta, meio aflita
com a tua voz,
que, de novo,
veio antes.
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