Ronald,
Cinco dias após a morte...
Cantam as minhas dores
A lingua do povo que assiste
O cair sombrio de um grande reinaldo,
Um naufrágil de um grande barco.
É como a fogueira que se apaga
O riso que não tem som.
É como o gesto que não se ver
E o corpo sem alma.
Quem era amigo, somente as costas
me ofereceu.
Estou sozinho no mundo,
Ninguém me percebe, não percebo ninguém.
Fugiram.
Estão logo aqui, ali
Por toda parte, sei que eles estão
A nuvem dos meus olhos me banhou o corpo
Ninguém está me vendo.
É diferente esse mundo,
Já fazem cinco dias
Meu corpo deveria se decompor,
E ainda circula por entre os homens.
Ainda bem que não deseja ninguém,
Apenas as lembranças finas...
Parece o fim,
É como a leitura eterna de um bom livro,
Acabou. Página fechada.
Com o tempo, uma imensa nuvem de poeira
Cobrirá meu corpo e para eles
Restará apenas falsos buchichos...
|