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Artigos-->Evolução às avessas -- 13/07/2002 - 12:07 (Jayme de Oliveira Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ano, 1859. O homem, Charles Darwin. Sua obra, A Origem das Espécies. Nada de novo para quem, hoje, possui alguns velhos cadernos de biologia e poucos livros de história, ricos, empoeirados, e bem ilustrados. Mas, naquele ano, os ânimos dos vitorianos – que acreditavam ser o homem uma criação Divina inteiramente excluída de qualquer parentesco com outras espécies – se exaltaram diante das afirmações feitas pelo naturalista. Sua teoria colocava, implicitamente, o gênero humano em pé de igualdade com todo o resto da criação. Mas como nos imaginar compartilhando a mesma linhagem de ordens inferiores do reino animal? Como negar a própria supremacia, quando é sobre ela que edificamos nossas crenças, princípios e sociedade?



Curioso é constatar a possibilidade de estarem certos os que duvidaram da teoria evolutiva. Pelo menos em parte. Afinal, e de fato, a espécie humana não pode ser colocada no mesmo patamar das demais. Merecemos, sim, um lugar de destaque. E essa verdade inquestionável se fundamenta na própria teoria Darwiniana, ou melhor, na sua negação.



Nós, humanos, ao contrário das outras espécies, estamos involuindo continuamente. E nosso retrocesso é tão fervoroso que compromete até a nossa própria existência. Já somos os melhores na arte de desfazer as coisas. Gênios no ofício de depredar e viver sobre os escombros. Involuímos o suficiente para, inclusive, nos tornar capazes de destruir o único planeta que nos serve de casa. Várias vezes! Uma após a outra.



Mas não foi sempre assim. Já comungamos os mesmos princípios evolutivos que ainda norteiam os outros seres com os quais convivemos. E talvez ainda comungássemos, se não nos acontecesse o infortúnio de termos abandonado nossa condição de Homo erectus – quando políamos cuidadosamente nossas ferramentas e sabíamos domesticar o fogo – para nos transformar em Homo sapiens arcaico, e mais tarde, Homo sapiens sapiens – conscientes do saber.



As diferenças físicas, biológicas e comportamentais que caracterizaram essas mudanças são bastante significativas e até sugerem um legítimo processo evolutivo. Ledo engano. As transformações pelas quais passamos nos causaram danos irreparáveis. Nos elevaram ao grau máximo da presunção. Sapiens. Nenhuma outra espécie é digna desse título de nobreza natural. Nos demos o poder absoluto. Mandatários imperialistas. Consumidores vorazes. Vândalos. Homo sapiens sapiens.



É claro que tiramos proveito da nossa inteligência. Nos beneficiamos dela e isso é inegável. Mas não podemos deixar de reconhecer, também, que estamos mais próximos da extinção, hoje, do que estávamos naquele tempo em que éramos apenas um bando de hominídeos eretos vivendo em plena selva primitiva, comendo nosso churrasquinho, livres das preocupações com a camada de ozônio, com a chuva de aviões, arsenais nucleares, lixo atômico, G8...



Darwin, vitima de um ataque cardíaco, morreu em abril de 1882 aos 73 anos. Para o seu trabalho, pouco, ou nada contribuíram as ciências da paleontologia e genética. Sem esses fundamentos, foram sua capacidade de observação e seu conhecimento acerca de outras ciências como a anatomia e a embriologia que lhe serviram como referência para os estudos. Como poucos da nossa espécie, talvez seja ele um indício de que realmente estamos evoluindo. A certeza quanto a isso, o futuro trará. Para nós mesmos, ou para os que sobreviverem à nossa fúria consciente.
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