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Poesias-->PARTIDOS-REPARTIDOS -- 17/10/2004 - 10:56 (ANTONIO MIRANDA) |
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PARTIDOS-REPARTIDOS
Poema de Antonio Miranda
O Positivismo era a unanimidade
entre civis e militares
no Império do Brasil
mas eles estavam divididos
e aguerridos
(quando não estavam mancomunados).
No regime monárquico
(democrático e escravagista!)
o Imperador era supra-partidário
com posições libérrimas
em seu poder arbitrário
sobre as disputas acérrimas
entre conservadores e liberais
entre generais e civis.
Depois das fronteiras defendidas
definidas e pacificadas
as espadas, enfim, ensarilhadas
vem a malfadada “questão militar”
-a politização dos quartéis:
um Exército deliberante
polemizando pela imprensa
em tom beligerante.
O Abolicionismo dos conservadores
tinha a oposição dos liberais...
Havia vanguardas cautelosas
e conservadores sediciosos...
e o paradoxo nada trivial
do conservador liberal...
e muita propaganda republicana
entre os descontentes fardados.
Liberais defendendo ideais
republicanos
e republicanos
exaltando reivindicações liberais.
Nada mais conservador do que um liberal
mais monarquista do que um republicano!
A alforria dos escravos
(sem a pretendida indenização...)
uniu os ressentidos
de todos os partidos.
Liberais estrategicamente conservadores.
Conservadores tacitamente republicanos
políticos compondo e trocando
posições e funções nos gabinetes.
Crises, cisões, alas, facções
fusões entre contrários
adversários nos próprios partidos
correligionários fazendo oposição.
Com a Proclamação da República
(um ato heróico, de madrugada)
houve então a debandada:
conservadores e liberais
tornaram-se todos republicanos
(mantendo títulos de nobreza)
em novos grupos contrapostos
em dissidências figadais.
Cada partido em seu trono
com seu líder ou seu dono
seu reduto eleitoral
seu mandatário.
Assim o quadro partidário:
ninguém da Direita
todo mundo na Esquerda
“aliás, muito pelo contrário”.
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