Tempo, tempo noite
Das confissões marcantes,
Dos passos flutuantes,
Dos murmúrios apressados
E das mãos lentas
A beijar nossos corpos
Sem juízos e abençoados
Pelo sussurro gelado
Da madrugada meiga.
Corremos um para o outro
Numa despedida encontro,
Desmaio em seus braços
Não quero outra coisa
em vida, trêmula descoberta
fito seus olhos como tímida
de se entregar fremente
ao seu desejo agonizado.
E no êxtase do calor trocado
Nos enlaçamos ternamente,
Como se não houvesse o fim
E nosso pulso só pudesse
Estar quente se sempre
Nos amarrássemos assim
Num instante ritmado.
E mesmo meu abraço
Deixando o pele e mente
Eriçado, tua boca em água
Quis negar minha sede,
Enquanto seus dedos voavam
Pelo meu corpo e meus cabelos
Atiçando e negando vida.
Você concretiza minha agonia,
Não sei se morro ou vivo
No insaciar da respiração
Ainda queres me consolar
Num carinho só meu.
E quase forcei - o a violentar
Me menina, para ti mulher,
Quando vi o seu adeus.
É que tu, mon amour
Vê eu divina, enquanto
Sou também de carne
Humana, peito e pele
E o querer que me invade
É a busca de minha alma
Que roubaste de mim e
Eu entreguei de vontade a ti.
Assim, ao esvair a lua
Foges me empurrando
Como nua, ao seu medo
Trincando me em morte
Pela vida negada tão cedo.
No conflito, você corre, corre
Deixando me vazia
em silêncio, abandonando
por perigo do incêndio
a quase união mordida e forte
e eu, em febre, adormeço.