Usina de Letras
Usina de Letras
153 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62228 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22536)

Discursos (3238)

Ensaios - (10364)

Erótico (13569)

Frases (50622)

Humor (20031)

Infantil (5433)

Infanto Juvenil (4767)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140803)

Redação (3305)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Homens da caverna -- 14/07/2002 - 01:10 (Jayme de Oliveira Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Imaginemo-nos presos numa caverna. Acorrentados de costas para a sua entrada e sem ter como nos virar para ver o que se passa em seu exterior. Lá, do lado de fora do nosso cárcere, uma grande fogueira arde em chamas que iluminam e projetam sombras na parede à nossa frente. É, pois, o que vemos. Sombras do vai e vem de pessoas e animais que habitam um mundo do qual nunca tivemos conhecimento acerca da existência.



Essa alegoria utilizada por Platão em seu livro “A República”, é um retrato fiel da condição humana. Através de um diálogo imaginário entre Sócrates – autor da celebre frase “Quanto mais sei, mais sei que nada sei” – e Glauco, é apresentado o conceito de uma humanidade acorrentada às suas certezas, incrédula diante do novo.



Às sombras projetadas os prisioneiros atribuem os sons que ecoam na parede e, mergulhados no lusco-fusco da caverna, conversam com aqueles vultos, dando-lhes nomes e transformando em realidade única somente aquilo a que enxergam.



Eis que é concedida a um dos prisioneiros a oportunidade de sair da caverna. Livre das amarras, o homem, reticente, caminha em direção ao desconhecido. Suas pupilas, excessivamente dilatadas pelo ambiente escuro em que vivia, lhe causam grande desconforto. Mesmo assim, à medida que seus olhos acostumam-se com a nova e clara realidade, o viajante conhece e distingue os objetos dos quais via apenas a sombra e logo se torna capaz de olhar até mesmo para o sol.



Seu encantamento diante daquele novo mundo o faz lembrar dos amigos que deixou na caverna; suas certezas, apenas um teatro de sombras da realidade. E apesar de estar feliz por sua mudança pessoal, o entristece lembrar dos que ficaram. É quando retorna à caverna.



Suas pupilas, contraídas pela luz exterior, agora o impedem de ver as sombras com a mesma nitidez dos companheiros aprisionados, para os quais ir para fora causou estragos à visão do viajante, sendo, portanto, maléfico. Mais que isso, a própria descrição do mundo exterior parece sem sentido para os que só vêem sombras. Soa em seus ouvidos como uma demência. Para evitar que esses males se abatam sobre suas próprias cabeças, os prisioneiros se dispõem até mesmo a eliminar quem quer que os obrigue a sair da segurança do seu mundo obscuro.



É difícil nos imaginar fora dessa caverna. Tão senhores da verdade como somos, tão donos das chaves de tantos mistérios, não há dúvida que temos o nosso lugar nessa masmorra. Os primeiros passos para sairmos dela, caso seja esse o nosso desejo, só daremos quando nos desacorrentarmos das próprias certezas. Enquanto não nos dispormos a isso, continuaremos condenados a viver na obscuridade. Prisioneiros das convicções. Guardados e vigiados com zelo pela nossa própria ignorância.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui