Você não pediu licença
e eu também não dei.
E pra ser sincera,
se eu daria, nem sei.
E pra falar francamente,
também eu não pedi.
Você só me olhou,
e bastou: eu sorri.
Sorri dentes cheios
de palavras de carinho
que viviam travadas
num cantinho,
com receio.
A cada flechada
que teu olhar disparava
meus dentes sorriam
novos carinhos.
E foi deste jeito,
entre olhares,
entredentes,
entre dentes,
entre mentes,
entrementes,
de mansinho.
Você não pediu licença.
Tampouco eu pedi.
Entredentes, entrementes,
estamos os dois.
Aqui.
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