O AMOR E O ORVALHO
A água borbulha cristalina e pura,
pinga nas pedras, segue o seu roteiro,
escorre em gotas pelo tabuleiro
e em gotas tomba sobre a rocha escura.
Mas água mole bate em pedra dura
e pinga o pingo certo e costumeiro
e bate e pinga e bate o ano inteiro
e tanto pinga e bate até que fura.
Também o amor, fluente e cristalino,
nasce do orvalho fresco e feminino,
borbulha na ilusão da fantasia,
despenca ao desencanto do abandono,
rebenta nas ressacas, rompe o sono,
e se refaz do nada no outro dia
|