Procura-me nas vozes mortas,
as quais a carne não suporta,
junto aos vergões da garganta.
E todo o corpo é eternamente
presente, como uma raiz seca,
engolfada, em vozes cosidas
no tempo irredimível.Procura-me
sob ecos, cicatrizes, na radiação
das estações. O lótus fará do
meu rosto, pele parcial, em
parábolas abertas de memória.
Procura-me num golpe ígneo,
nas palavras mortas, no fundo de
uma taça de rosas iluminadas.
As vozes que só pelo tempo acerbo,
irropem pelos dedos que se fundem,
nos golfos da linguagem incandescente.
in, inédito.; "Coágulos Secundários" - 2004 |