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Poesias-->MEU NOME -- 11/11/2004 - 23:58 (ANTONIO MIRANDA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MEU NOME



Antonio Miranda





I

Antonio, menino, vamos conversar:

por que foges do castigo,se ele vai te alcançar?



Prá que tanta rebeldia, socando ponta de faca?



Aonde te levam estas pernas de caminhar

tantas fugas, recusas, tanto ensimesmar?



Antonio, menino, por que blasfemas?



Que te leva ao prazer do sofrimento

ao pensamento avesso ou travesso

a contradizer o sim e a reiterar o não?



De onde vêm estas idéias de suicídio

enquanto amas saturado e satisfeito?



II

Tantas páginas escreves, Tantas leituras

apressadas, tanta angústia de ser

tantas perguntas impossíveis, desejos

sonhos absurdos, planos inconseqüentes!



Que amigos são esses que não voltarás a encontrar?

Que lugares tu buscas que deixarão de existir?

Que amores te queimam que se vão dissipar?

Que idéias te movem que logo vais superar?



Acaso essa birra vale o que a motiva?



III

Frente a frente, somos dois desconhecidos

que se negam, contradizem, se acusam.



Espelho maldito a revelar o nosso estranhamento.



Não me acuses do que não fostes capaz!

Nada sou daquilo que pretendias ser!



Nunca fui amado tanto quanto querias!

Nem amei tanto quanto querias que eu amasse...



IV

Antonio, por favor, reconheça o teu fracasso

e deixa espaço para eu existir

sem ter que justificar-me diante de ti.



Deixa eu ser feliz no meu conformismo

- de achar que tenho o que mereço

enquanto tu deliras e deliras!



Por que estragas o meu sossego tão frágil

azedas a minha felicidade tão precária?!



A partir de hoje o meu nome é Outro.





-------------------------------------------------Poema extraído do livro RETRATOS & POESIA REUNIDA. Brasília: Thesaurus, 2004. 104 p.







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