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cronicas-->Perdido na Metrópole (14) Joanópolis e a depressão... -- 06/05/2003 - 02:42 (Silvio Alvarez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vocês conhecem alguém que não tenha problemas? Todos os têm. O que nos difere uns dos outros é a forma como escolhemos encará-los. Na impossibilidade de enfrentá-los e resolvê-los, por vezes, entramos em parafuso. Nos sentindo incapazes, surge a opção, aparentemente única, de fugir deles, de deletá-los. O problema é que permanecem na lixeira da nossa caixa postal de e-mail cerebral, no inconsciente.

Ao alterarmos o foco, podemos encará-los por um àngulo positivo.

Exemplificando: Dois sujeitos, passeando em um parque, caem da bicicleta, nas mesmas circunstàncias. Nada grave. Joelhos esfolados e as "bikes" danificadas.

No dia seguinte ao evento descrito, ambos transcrevem, a um amigo em comum, o ocorrido.

O personagem nº1, diz: - Ah! Ontem caí da bicicleta. Tudo bem! Levantei rapidinho. O joelho? Não foi nada. Limpei o ferimento. Coloquei um curativo e beleza. Um rapaz habilidoso desentortou o aro, pós a corrente no lugar, consertou o resto e saí pedalando.

O personagem nº 2, discursou: - Ontem foi um dia terrível! Deu tudo errado e ainda por cima caí da bicicleta. Um tombo feio! Estragou meu dia. Meu joelho ficou gravemente ferido. Fui ao pronto socorro para dar uns pontos. Disseram que não era necessário, que era só um pequeno ferimento superficial. Passaram um remedinho e só. Aquilo poderia infeccionar e não deram a mínima atenção. Vou processar o hospital, o médico, a enfermeira e o faxineiro. A minha bicicleta importada ficou destruída. Comprarei outra. Desistirei deste esporte assassino. Procurarei um terapeuta ou um psiquiatra, ou melhor, os dois. Cara! Estou deprimido. Você tem um calmante?

A quantidade de pessoas com o perfil 2, hoje em dia, é maior do que se pensa. Com a psiquiatrização da vida, quem apresenta parte destas características citadas, ao procurar ajuda, é, automaticamente, classificado como depressivo. E dá-lhe remédio.

Estudiosos canadenses tiveram a pachorra de analisar o inocente ursinho Pooh e sua turma. Resultado do estudo: Pooh sofre de déficit de atenção e transtorno obsessivo-compulsivo, o Burrico Ió de depressão e o Leitão de ansiedade generalizada. Meu Deus! Vão querer internar o Ursinho Pooh e o Burrico Ió! E o Leitão? Coitado! Duas sessões semanais de psicanálise.

Ao comprar um coelhinho de pelúcia para a minha priminha, na Páscoa. Tomei o cuidado de, antes, entrevistá-lo. Não passou por meu crivo e desisti do presente. Segundo meu diagnóstico, o orelhudo sofre de incapacidade maníaco psicótica, causada pelo transtorno de não conseguir explicar às crianças que não é ele o responsável por trazer ao mundo os ovos de chocolate.

Bom, até o meu cachorro sabe que tenho, ou tive, depressão!

Dez anos atrás, pensando como o personagem nº 2, tomei a decisão de deixar a cidade grande e buscar um local mais calmo para morar. Escolhi, a esmo, uma pacata cidade no interior do estado, hoje estància turística, com cerca de dez mil habitantes. Uma maravilhosa cachoeira, com 154m de queda, é a principal atração do lugar.

Fiquei encantado com a possibilidade de ter descoberto o paraíso na Terra! Não pensei duas vezes e, eu e meus pais, fomos de mala e cuia.

Alugamos uma casa enorme. Sete cómodos, um deles virou uma biblioteca. Varanda com vista para a Serra da Mantiqueira, quintal, jardim, horta, espaço para nossas cadelas (Ingrid Bergman, a Collie e Beth Davis, uma Lhasa Apso) e, principalmente, sossego. O aluguel era a metade do pagávamos na metrópole. O ar local: tão puro que nossos pulmões estranharam a princípio. Oxigênio demais! Vizinhos amáveis e solícitos! Qualidade de vida: nota 10!

Em Joanópolis, a população fala bom dia, boa tarde, como vai? Ao raiar de um novo dia, um vendedor e sua charrete, vêm à porta de casa oferecer leite direto da vaca. Não o longa vida desnatado integral light. Frutas, verduras e legumes, tudo colhido há poucas horas atrás.

Convites dos vizinhos para um cafezinho eram frequentes. Recusar seria desfeita. Aceitávamos. Doce de leite, queijos e mais queijos, rosquinhas, pães caseiros quentinhos, manteiga de verdade, geléias, pães de queijo, broas de milho, tudo o que tínhamos direito e, ainda, a atração principal, aquele cafezinho feito na hora em coador de pano com o aroma a alegrar nosso olfato acostumado com odores menos agradáveis.

Guardo boas lembranças de lá. Mesmo porque, esta cidade abriga, até hoje, meus pais, que não querem deixar aquele recanto de jeito algum. Fiz grandes amigos nesta etapa de vida interiorana e, quando surge uma rara oportunidade, apareço. Aprendi muito com seu povo, costumes, causos, e a cordialidade, marca registrada do lugar.

Aqui na minha metrópole, que também tem os seus encantos, tudo é bem diferente. Aqui, sinto-me sozinho, cercado por milhões de pessoas. Isto é incrível!

Peço desculpas, preciso ir, tenho de dar uns conselhos ao Caco, o Sapo, ele está com carência afetiva. Ah! O Piu Piu, também quer umas dicas, para a sua Síndrome do Pànico.

Silvio Alvarez é assessor de imprensa da banda rock pop Yslauss, artista plástico de colagem e colunista. E-mail: silvioalvarez@terra.com.br
Bruno César: brunoartes@uol.com.br
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