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Contos-->ARMANDO SIMPATIA -- 16/01/2004 - 10:24 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Diz o Aurélio que “simpatia é o ritual posto em prática ou objeto supersticiosamente usado para prevenir ou curar uma enfermidade ou mal estar.” Eu acrescentaria que é o mise-en-scène com o qual sugere-se ao sujeito passivo aquilo que poderíamos dizer por palavras, mas que não é conveniente.
Posto que existem três formas para convencer pessoas, a simpatia, ou mise-en-scéne, pertence à categoria da sugestão. As duas outras são a coação e a persuasão.
O emprego da força bruta e violência, faz parte do método da coação. Pode ser eficaz por algum tempo mas ninguém consegue manter um estado opressivo por longa data. A persuasão é aquele discurso com o qual os elementos lógicos dos fatos são evidenciados e, a benignidade da coisa ou ações pretendidas é ressaltada com maior ênfase.
Pode-se compor o mise-en-scène com qualquer símbolo evocativo duma situação agradável ou desagradável ao sujeito. Dizer pra velha senhora que deixar a luz, do quintal ou da entrada do corredor, acesa traz-lhe sorte é outra forma mais simples de dizer que com a luminosidade os mal intencionados sentem-se menos corajosos pra qualquer ataque.
Agora, convencer a velha senhora por meio outros, que não por palavras de que ela, em determinados dias deve deixar sua luz acesa, isso lá são outros quinhentos. É caso pro Armando Simpatia.
O Armando Simpatia era um sujeito muito esperto. Apesar de pouca leitura tinha conhecimento daquela forma de comunicação usada nas prisões e hospitais psiquiátricos. Assim, um maço de cigarros vazio deixado em determinado local, com relativa constância, significava pro passivo a quem a mensagem era dirigida, que toda aquela carga emotiva associada ao objeto, fluiria ao seu contato visual e, que certo comportamento era esperado.
Armandão criara uma simpatia, na verdade era uma antipatia, que objetivava conduzir a vítima ao hábito de ingerir álcool. A linha mestra da encenação consistia em causar, no sujeito, aversão tão grande pela água, que quando o imolado sentisse sede, só se satisfaria com a ingesta dumas cervejinhas.
Os gozadores o chamavam de Armando Confusão. Ele gabava-se, com facilidade, dizendo a cada instante que: “todo mundo gosta de mim”; que: “ganhar de mim é pobrema”, e que: “Deus não larga de mim”. Com toda segurança, o ditado que rezava “Dize-me do que te gabas e te direi o que lhe falta”, pra ele, não tinha muita importância.
Pro Armandão, anos rebeldes não eram cus revoltados. E que o perneta burocrata, poderia até jogar na ponta direita do time de Tupinambica da Linhas, se se dedicasse aos treinos e, é claro, deixasse o cigarro.
Armandão era mesmo muito prestativo: convenceu aquele seu amigo, o Pero Vaz da Caninha, coetâneo e parceiro das clínicas psiquiátricas que escrever cartas pros jornais da cidade era a “mais melhor de boa” forma havida pra se chegar à presidência da escola de samba Unidos do Além. A ocupação do alto cargo no estabelecimento, por aquele amante incondicional da entidade, seria motivo pra que ela não fosse rebaixada mais do que já estava. O lema pra concorrer às eleições seria: “Sem Mancadas!”
Apesar da insanidade, demonstrada pelo rosto afogueado, voz arrastada, raciocínio lento e confuso, pudicícia exagerada de pudico tonto, Armandão tinha algumas idéias saudáveis. Ele sempre repetia a frase do Pierre Janet com a qual esbordoava: “O delírio de perseguição, não é senão, o delírio de ódio”.
E não é que estava mesmo certo, o danadinho?




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