Nas margens do Ipiranga
do brado retumbante
hoje o que mais retumba
é a vergonha itinerante
nossa pátria chora e pena
sempre a mesma cantilena
na voz dos seus governantes.
O tal sol da liberdade
que aqui disseram brilhar
confesso, eu tenho saudade
com ele eu poder sonhar
que nunca vi, isso é fato
mas mostravam no retrato
com o cavalo a bolear.
Se o penhor dessa igualdade
conseguimos conquistar
onde está esta verdade
que hoje não existe mais
no seio da liberdade
ficou somente a saudade
nem eu sei do que será.
Brasil de sonhos intensos
raios vívidos também
a vergonha e a decência
será que alguém ainda tem?
E o seu formoso céu
que agora é só escarcéu
virou terra de ninguém.
O gigantesco que tinha
que a natureza lhe deu
estrangeiros lhe roubaram
ou o governo concedeu
no espelho do futuro
o sonho em cima do muro
decerto que pereceu.
Terra adorada será
meu Brasil entre outras mil
mesmo sofrendo desmandos
será sempre a mãe gentil
porque não negou jamais
aos seus filhos plena paz
mas violências já viu.
Deitado eternamente
não pode continuar
tremula sua bandeira
pedindo para lutar
pelo berço explêndido
que hoje é só um compêndio
cada vez mais incapaz.
O que lhe sobrou, meu Brasil
à luz do céu profundo
não sei se é merecido
o tal murmúrio do mundo
tecendo condenação
sem nenhuma compaixão
como a um vagabundo.
Nossa terra mais garrida
ainda se pode exaltar
cobiça a humanidade
o que ainda tem pra doar
suas tantas ervas e flores
que merecem os louvores
de quem está a pesquisar.
Nossa vida no seu seio
não reclamo, é de amor
será sempre o seu símbolo
não perderá esse clamor
se a glória é do passado
o sonho vive acordado
não teremos ditador.
A justiça reclama sim
a clava forte que perdeu
mas me nego ao desencanto
porque sou um filho seu
espero ver, por favor
mais que idealista pensador
o que de fato mereceu.
Mão de ferro e honestidade
que nos devolva a tal lei
que não escoe do país
tudo que dele receber
chega de santo salvador
alguém que tenha mesmo amor
na pátria que o viu nascer.
