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Contos-->ALBENIA -- 24/01/2004 - 19:56 (Barbara Amar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vestida de lascívia, subiu no teto do sedã cinzento. O marido, sentindo-lhe a presença, movimentou-se debaixo do carro:
- Ei, princesa. Não vá cair.
Sem responder, a mulher rebolou voluptuosamente. Não usava calcinha.
- Linda! Tô terminando.
Albenia riu excitada. Pedro, todo sujo de graxa, só a cabeça e parte do tronco visíveis, parecia um boneco desconjuntado. Ela mandou-lhe um beijo com os lábios e, cuidando em manter o equilíbrio, levantou o vestido até a cintura.
- Eta, fêmea gostosa.

Moravam juntos há um ano. Pedro fora casado pouquíssimo tempo com uma moça do interior - modelo de dedicação ao lar. Conservava a casa limpa, em ordem; caprichava na comida sempre quentinha enquanto ela própria, uma pedra de gelo, odiava ser tocada pelo companheiro. Provinciana até a medula, tinha aversão ao sexo só permitindo que Pedro a possuísse aos sábados e, assim mesmo, de má vontade.
- Lá vou eu pro sacrifício, resmungava.
Deitava de camisola (nua, jamais), pernas abertas, olhando pra ontem, sem fazer o mínimo esforço para acompanhar o marido naquele vai-e-vem (intolerável), apenas relaxando quando ele acabava (semi-saciado) e adormecia.
- Porco. Nem pra se limpar e ainda por cima nu, com esse cheiro horrível. Que nojo!
O casamento não durou seis meses. Pedro voltou a comer enlatados e a procurar o bordel, para desafogar o instinto.

Conheceu Albenia por acaso. Segundo ela, encontrava-se de passagem na pequena cidade e foi ficando. Cortejada pelos homens, não posava de tímida, ao contrário, ria com gosto das piadas maliciosas e aceitava que lhe pagassem a bebida, mas a coisa acabava aí. Sabia mantê-los na linha, embora seu rosto devasso insinuasse muito mais.
Pedro notou-a quando desfilava no supermercado do bairro, sandálias altas, calça colante. Foi atrás guiado pelo faro, cachorrinho sarnento carecendo de cuidados, brigando na fila do caixa para lhe ceder o lugar. Ela agradeceu esbanjando sensualidade. Olhos nos olhos. Pedro a reconheceu, a estrela dos seus sonhos pornográficos. Tesão personificado.

A parte da frente do automóvel mantinha-se erguida graças ao “macaco”. Pedro, mais uma vez, a preveniu:
- Atenção, garota.
- Ah, meu amor. Acaba logo com isso e vamos brincar aqui mesmo.
Ele entendeu a mensagem. Gostava do erotismo escrachado da mulher. Retomou a postura inicial, não sem antes dar uma boa mirada naqueles lábios túmidos entreabertos, a desafiá-lo lá do alto. Após curto tempo, Albenia pôs-se a pular. Ignorando as admoestações do marido, saltava furiosamente, bailarina descontrolada, fazendo o carro estremecer; seus esforços foram recompensados pelo grito medonho, misto de dor e espanto. Desceu com cuidado. Não queria manchar os pés descalços no sangue que, rápido, se espalhava. Voltou para casa sem olhar a massa disforme e inerte estendida na garagem. A mala pronta há dias, disfarçada atrás da cômoda. Um telefonema assustado, as providências de praxe, e tchau. Uma nova cidade a esperava.

07/02/03.





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