Usina de Letras
Usina de Letras
133 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62231 )

Cartas ( 21334)

Contos (13263)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10367)

Erótico (13570)

Frases (50629)

Humor (20031)

Infantil (5434)

Infanto Juvenil (4768)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140805)

Redação (3306)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6190)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Os amantes da princesa -- 13/05/2003 - 18:48 (Hamilton de Lima e Souza) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Na verdade nunca soube o nome da mulher. Também não era exatamente uma princesa. Apenas uma catadora de papel que vi passar durante muitos anos pela rua em que morava na cidade de Curitiba.
O que diferenciava aquela mulher das outras era o número de namorados. Certa vez contei cinco, que a acompanhavam ajudando a recolher o material reciclável pelas ruas da Vila Hauer.
Um dia pararam em frente à casa em que eu residia e ficaram alguns minutos, trocando beijos(os cinco se revezavam na disputa pelos lábios da fêmea) e sorrisos.
Também fazia parte da festa amorosa uma garrafa de cachaça. Para quem não sabe, um dos grandes problemas para os pobres do Sul é o frio. A cachaça e o conhaque são muito utilizados pelos infelizes que não tem cobertores suficientes. Por excesso de bebida a temperatura do corpo baixa e muitos morrem congelados nos dias mais difíceis, com temperaturas próximo de zero grau.
Mas a princesa dividia a cama e a cachaça com os homens, tanto nos dias frios como nos quentes.
Percebi também que de vez em quando um dos pares sumia. Um dia a princesa passou por lá pedindo cobertores velhos. Contou que um foi atropelado e o outro morreu no hospital.
Se a memória não falha arranjou mais dois em seguida, seguindo a vida com o séquito de admiradores.
Há um ano passei férias em Curitiba e a princesa estava lá, com apenas dois súditos. Vi a mulher de longe e não tive curiosidade de perguntar sobre os demais consortes. Reconheci um deles.
Soube que moravam na Vila Fani, num barraco velho. Um ex-jogador de futebol, Zé Mário, certa feita deu um engradado de cachaça de presente ao grupo.
Beberam feito loucos durante uma semana, de tal forma que nem conseguiam sair de casa.
De outra feita um dos homens passou lá em casa. Com má vontade fui atender, sentindo de longe o bafo de cachaça. Mas não pediu dinheiro, apenas cobertas, pois ameaçava nevar na cidade.
Senti vergonha pelo pré-julgamento. Entreguei o que pedia e fiquei surpreso com nova ótica do grupo.
A princesa não tem filhos, pelo menos nunca apareceu com nenhum por lá. Costuma andar todos os dias empurrando um carrinho em busca de vidros e papéis.
Ao contrário das outras mulheres, que casam, buscam a experiência burguesa, já chegou a ter cinco homens simultaneamente, bebendo e sorrindo entre beijos e abraços sem medo do mundo.
Figura estranha de um mundo doido, no meio de uma sociedade conservadora.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui