MARÉ DE MARÇO
Maré, minha querida maré!
Não te nego as origens.
Quem a ti nega... É ruína!
A maré de março vinha
toda fantasiada, bronzeada,
cheia de preceitos e ritos.
Retomava teus espaços roubados,
invadia barracos e aterros de lixos...
Tinha rosto, tinha fôlego,
uma morena angelical cheia de feitiços!
A maré cheia,
tão mágica e encantadora,
tinha no desabrochar o amor!
Por ti meus barquinhos de papel,
navegando em teu oceano!
Diga ai coração? Violão
com seis cordas de paixão...
Tu maré! Lindamente mulher,
tinhas um piscar no olhar... Pantera!
Como tu eras sensual, perigosa... Sedutora!
Ah! Como meus olhos te comiam,
e nos sonhos, tu vinhas
toda perfumada em segredo.
Eu tinha medo!
Ó mulher maré,
As caídas das pontes
nas curvas do teu corpo
eram espasmos de gozos.
Em cada braçada alcançada,
tu eras lua sonhada, desejada...
Ah, os nossos olhos
sem cor no olhar,
e só tu maré mulher
nos fazia sonhar!
Nhca
Nov/00
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