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Contos-->O 163 E O LOURO -- 31/01/2004 - 12:19 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Acordei cedo, liguei o rádio e, numa espécie de novela radiofônica, uma voz grave, com fundo musical lúgubre mostrava à que vinha:
“Sentei-me na trípode, concentrei-me e, após alguns momentos tive a certeza: o Titanic fora atingido e submergiria. Os rombos no seu casco foram tantos que nem mesmo uma lata de sardinhas, aberta às pressas, serviria como figura metafórica pra expressar a situação.”
Quanta lorota! Pior do que isso só mesmo aquele agente funerário que publicava informações falsas, sobre falecimentos, nas seções necrológicas dos jornais, objetivando lançar a opinião pública contra seus adversários.
Desliguei o aparelho e, para espairecer, saí à garagem. Ali estava uma carta, lançada ao solo, momentos antes pelo carteiro. Lembrei-me do Pero Vaz da Caninha um sujeito bom que vivia enviando missivas aos jornais contando seus casos dum passado que não fora tão longínquo assim.
Na opinião do Pero, os sinais de aquecimento da situação e mudança social no Brasil seriam a instituição da hierarquia, pratica da ordem unida e a manipulação de armamento militar pelo MST. Nem mesmo a migração de alguns “compañeros” da Colômbia seria necessária.
Fiz questão de deixar-lhe claro que não comungava com aquelas suas idéias. A violência não era boa pra ninguém; tudo se acomodaria, de um jeito ou de outro, com o tempo.
Naquele encontro Pero dizia-me ser vizinho de uma senhora, viúva e idosa, que possuía um papagaio. E que o bagunceiro vivia repetindo a palavra justiça. Quando Pero lhe perguntou quem lhe ensinara o vocábulo, ela respondera-lhe que ganhara o bicho do Geraldo. E indagou se ele, Pero, sabia quem era. Meu amigo disse que não. Mas eu falei ao Pero que conhecia o Geraldo. Era o famoso 163 do Tiro de Guerra.
Como tinha ciência já sobre os tais papagaios, cuja característica básica era a repetição ignara daquilo tudo que ouviam, achei que seria até uma bobagem onerosa mantê-los, mesmo que por diletantismo, ou ocupação do tempo ocioso.
Afastei os devaneios da minha mente. Dois meninos maluquinhos passaram defronte minha casa batendo numas latas. Meditabundo, ponderei ser o próprio ódio da sociedade o produtor dos excluídos, marginais e loucos.
Para Pero, depois de 1932, os mineiros não passavam de uns cagões, mentirosos e falsos. Por culpa deles, S. Paulo trumbicou-se todo diante das forças de Getúlio, o déspota.
Disse ao amigo que deveria esquecer o passado. O presente andava cheio de problemas e que não convinha revolver coisas assim tão remotas. Mas, pensando bem, o meu nobre amigo não deixava de ter uma certa dose de razão: a história de S. Paulo teria sido outra se mineiros e gaúchos honrassem suas palavras, antes empenhadas.
Pero alertava que vinha notando uma certa pressão populacional nas últimas décadas. Trocando em miúdos, ele queria dizer que a taxa de crescimento vegetativo da população ultrapassava, em muito, a taxa de aumento dos meios disponíveis de subsistência. Por crescimento vegetativo ele explicava que era o excesso de nascimentos sobre os óbitos, durante um certo período. E que isso tudo gerava os conflitos dos quais o MST era partícipe.
Indaguei ao Pero por qual motivo nascia mais gente do que morria e ele respondeu-me que a difusão dos conhecimentos médicos, bem como o avanço da ciência nessa área, propiciava o aumento significativo da expectativa de vida. Como não vivíamos em beligerância, e as epidemias estavam controladas, era natural que a população aumentasse.
Pero asseverou-me, porém, que a coisa ficaria mais densa, ou seja, a população centuplicaria quando descobrissem a quantidade enorme de ouro que havia no subsolo da Amazônia legal.




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