Quando toca a campainha, Ã s 8h. da manhã, não imaginara ser ela. Ex de tempos quase esquecidos, vestida naquele apetecido traje, confundia-se com sonho. A manhã não suportou o amor, transformando-se em tarde, tão tarde que o pór-do-sol, vermelho pela neblina, caiu sem que percebêssemos. Ela foi embora no carro dás 7h, e junto dela rumei para a academia, até metade do caminho.
Mal chegado lá, aborda-me Clara, morena flor que salivas me despertara. Da carne fraca na qual encarno, nada a resiste, e caio em seus seios - aguçado pela curiosidade enrijecida do frio daquelas montanhas quentes. Lá perco-me, entre bicos escuros e cavernas quentes, até quase a madrugada.
Lembro-me perfeitamente do semblante no qual abocanhava meus músculos mutantes, quase amanhecido o dia. Dia este transcendente à volúpia, enriquecido agora por essa carona madrugada, que insistia em continuar. O jornal já mofava na porta quando sou largado, e por sorte o cachorro estava preso, evitando as mordidas nas notícias de ontem.
Foi tesão, carinho, sexo, amor, medo, riso, nojo, loucura, deboche, orgasmo e acabaram as palavras para definir o que me fazem feliz como esta noite, Ã beira de três - que bem poderiam ser quatro - pessoas diferentes. Cada qual me completa um canto, necessitando minha felicidade de todos. Isso é que me confirma a alegria eterna como não finita, ou infinita para os normais. Para os burros eu digo: minha alegria não tem fim, e não têm fim o caminho para a alegria. E assim termino.