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Artigos-->MÚSICA APOCALÍPTICA -- 21/07/2002 - 12:17 (denison_obras selecionadas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Em 1994 estava eu no Museu do Louvre, em Paris, e um colombiano, que falava bem português devido ao fato de ter morado 4 anos em Angola, conversava com minha irmã Deid, aparentemente afim de impressioná-la com suas opiniões estéticas sobre música e arte em geral. Na época eu não dominava tanto o assunto quanto hoje, mas não me arrependo do que defendi naquela oportunidade.

Pois bem, o sujeito dizia que a arte está viva, que tem muito o que se fazer e que está sendo feito, que arte é o que o artista acha que deve ser, que qualquer material pode ser usado, etc. Ele se dizia a favor de vídeos, sacos de cimento e máquinas diversas na música erudita.

Eu discordei dizendo que a música e toda a arte já havia morrido, quando Duchamp, nas artes plásticas, colocou uma privada numa sala de exposição, dando a impressão de dizer: Está aqui, não há mais nada a se criar na tela ou na parede, resolvi dizer isso mostrando uma privada como obra de arte. E que tal uma roda de bicicleta encima de um banco?

Eu detesto essa coisa de arte conceitual. Só funciona em decoração. Quero ver alguém desafiar Caravaggio, Holbein, Bosch ou Van Gogh NA TELA, na tinta, na parede...aí não tem ninguém.

O mesmo ocorre com a música erudita. Só aceito um artista novo se ele desafiar Bach ou Beethoven no nanquim, na partitura, usando as mesmas armas e não...com vídeos, cimento, máquinas...dá um tempo!

O colombiano citou a música oriental, que possui mais de 1000 modos, ao invés dos dois únicos do Ocidente, os conhecidos MENOR e MAIOR. Então eu perguntei se ele poderia citar um compositor oriental que tivesse feito algo comparável à Beethoven e ele engasgou. Desde que Guido d’Arezzo criou a escrita na partitura a música tornou-se erudita. Essas obras contemporâneas que vemos hoje nas salas de concerto, estas, sim, são a verdadeira arte morta e não a música erudita de outrora. Ele achou que eu sou apocalíptico, que encaro a arte como uma maratona, etc. Como ele é músico e compositor, eu compreendi sua vã esperança. Eu, que não me iludo, sei que ser criador hoje na arte é quase impossível. Eu que não quero para mim o desafio de escrever Óperas depois de Wagner, Sinfonias e Quartetos depois de Beethoven...é preciso um gênio para superá-los. Ahá, ele diz: O que importa na arte é falar o que você quer falar. Para mim, não. A criação em qualquer área deve falar algo novo, mesmo usando a mesma técnica dos antepassados.

Eu faço apologia à música de Beethoven. Não acho que ele seja um mito e nem me interesso tanto pela sua pessoa em particular. Sou daquelas raras pessoas que REALMENTE mergulhou na sua música e percebe que é um mundo único. Não acho que todas as suas obras sejam perfeitas, mas sua trajetória como compositor é perfeita. Considero sua música apocalíptica. Percebo os primórdios do Jazz no Primeiro mov. do 4o Concerto p/ piano ou no finale da última Sonata p/ piano, percebo os primórdios da música moderna na Grosse Fugue e da música Impressionista no primeiro mov. da Nona Sinfonia. A linguagem de Beethoven sintetiza a música renascentista, além da música de Bach, Mozart e ainda prevê o que vem depois. Cada vez mais considero Bach como o Antigo Testamento e Beethoven como o Novo Testamento da Música Erudita. Parece ser radicalismo da minha parte, mas não é. É o que eu escuto, o que percebo.

Adoro as canções de Finzi e Mahler, sou fanático pela linguagem de Stravinsky, Vivaldi e Debussy, escuto com prazer imenso as melodias de Schumann, Tchaikovsky, Schubert, Mozart e Brahms, entretanto Beethoven e Bach, do fundo do coração, são os compositores que mais respeito entre todos.

Obs.: Eu sempre aconselho que as pessoas escutem

a música moderna ( século XX até 1975) , mesmo sabendo que elas não vão gostar tanto quanto gostam da música barroca, clássica ou romântica, mas sou completamente contra a música contemporânea escrita a partir de 1975.



O que meus amigos, membros do clube, acham dessa minha opinião sobre a música de Beethoven, sobre a arte contemporânea e as técnicas usadas hoje?

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