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Contos-->O DIAFRAGMA -- 02/02/2004 - 10:13 (Fernando Antônio Barbosa Zocca) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Naquele domingo, o primeiro depois que comprei a filmadora, achei que deveria testa-la e, por isso fui até a praça central de Tupinambica das Linhas. Naquela hora do dia não havia quase ninguém exposto ali. Sentei-me num dos seus bancos e passei a manejar o equipamento.
Estava absorto com o brinquedo e nem reparei na presença do Geraldo. Vocês já o conhecem; contei-lhes diversas passagens sobre ele, mas não é dificultoso repetir que era o famoso Gera 163 do Tiro de Guerra, formado em enfermagem, e que exercera pouco a profissão.
Ele chegou falando sobre o Roberto, seu amicíssimo cirurgião dentista, cujo prazer sádico consistia em provocar a libido dos moleques, que surgiam lá no seu consultório, contando histórias eróticas e, depois das evidências demonstradas com o aumento do volume das braguilhas, aplicar suas brocas zunideiras nos nervos inflamados.
Naquela manhã Gera estava mesmo muito atacado. Ele dizia que Tupinambica das Linhas era o local onde existiam muito mais loucos por metro quadrado de que todo o restante do Estado de S. Paulo. Mas ele não podia afirmar se as causas da loucura eram as idéias francesas aplicadas ali na população ou se era aquele tipo de público predisposto às doenças mentais, o grande consumidor das teorias etéreas.
O Gera dizia que tal qual os princípios daqueles livros alicerçadores da doutrina da seita, também eram falsos os risos dos seus adeptos. E que como grupo de pressão, eles eram fracos e ineficientes.
Para o Geraldo as idéias daquela seita eram mais atrasadas do que fazer, em pleno século XXI, cópias com o mimeógrafo a álcool.
Antes que eu pudesse abrir minha boca para fazer um comentário, insignificante que fosse, ele já foi logo dizendo que a Luísa Fernanda (aquela, lembra-se?), ao ouvir a proposta de atacarem os adversários da seita com o sarin, objetou que seria difícil conseguir o gás e que era mais fácil dar aos atacantes quantidades enormes de batata doce e ovos cozidos.
Geraldo garantiu-me que estava disposto a lavar sua alma e dissecar o espírito daquela seita intrujona e podre.
Não saberia dizer se o Gera estava passando dos limites ou não. Sei que depois que acendeu seu oitavo cigarro, afirmou que eles tinham idéias de produzir água em pó.
Enquanto focalizava sua figura, com a minha objetiva, no plano americano, ele dizia:
“E atenção! As moscas são comidas pelas aranhas, as aranhas pelas rolinhas, as rolinhas pelas fuinhas, as fuinhas pelas águias que são abatidas pelos homens, que se matam uns aos outros e que depois são comidos pelos vermes à razão de mil por um”.
Quando terminou sua peroração ele disse que já estava na hora e que deveria encontrar-se com o Roberto. Juntos fariam a evocação do espírito de um devedor safado e dos infernos. Na presença dele (do espírito) o desconjuntariam com palavras hostis. Falou-me que o devedor era vizinho de uma colega sua. E na casa dela, é que fariam a sessão. Quando lhe perguntei se não seria mais fácil falar direta e pessoalmente ao devedor, ele respondeu-me que era melhor evocar seu espírito, estando ele corporalmente, na casa contígua, do que correr o risco de ser rechaçado com desculpas esfarrapadas.
O que eu percebi é que imaginando a figura do devedor e ambos falando alternadamente, como num pingue-pongue, aquelas palavras agressivas e monocórdicas, eles conseguiriam, na verdade, era encher o saco do cara. Se fosse esse o objetivo, com certeza obteriam algum resultado. Mas se o devedor lhes pagaria, ou não o devido, isso meu amigo, seria já outra história.



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