Estava eu, por uma rua, andando,
Quando vi uma criança cantarolando, uma bela canção,
A criança era de rua, estava quase nua,
Vestia apenas solidão.
Os olhos não mentiam, sofria feito um cão,
Não comia há dias, talvez semanas, talvez anos...Décadas...Séculos...Milênios...
Pedia pão.
Mesmo com tudo isso, ainda cantarolava a canção,
Que pedia, em vão, perdão...
A causa, não sei, simplesmente parei e prestei atenção,
A canção era bela, e eu sentia nela... A força do amor...
A canção falava de um mundo novo de um novo povo, banhados em um mar de bondade, em um mar sinceridade, piedade e felicidade...
Um mundo sem guerras onde havia muitas terras e muito chão, onde tudo era belo, singelo... Onde havia flores no campo e um rio de águas cristalinas...E mesmo com tudo isso havia o garoto que pedia perdão...
Curioso fiquei, então me aproximei, e pedi explicação...
_ Porque pedes perdão, se falas de um mundo tão bom?
_Perdão eu peço, porque não deveria nada desejar...Tenho tudo de que preciso...
Tenho, de Deus, o amor...
E depois da explicação recebi dele uma flor...
Meus olhos perderam a cor, encheram-se de lágrimas, sentia apenas dor...
Dor de ser tão mesquinho a ponto de desejar todos os dias, um novo carro, uma nova casa, um novo... Um novo nada...
O menino se foi e me deixou a sua flor,
Não!...
Mais que isso, me deixou uma semente que plantei em minha alma...E que agora já se transformou em uma imensa floresta
E tento passar para todos em meu caminho a sua lição
De que a felicidade é sobre tudo
O fato de entregar uma flor, com amor, a um desconhecido irmão...
dieheralex@ig.com.br
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