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cronicas-->Perdido na Metrópole (16) Skol Beats - A Odisséia (Parte I -- 18/05/2003 - 19:20 (Silvio Alvarez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Perdido na Metrópole
Silvio Alvarez
Ilustração: Bruno César

Interrompi minha aventura na semana passada no ponto em que me dirigia a um evento de proporções gigantescas, só com música eletrónica. 44 mil pessoas ouvindo aquele bate estaca por 17 horas. Nada contra!

Super descontraído. Entrei no clima! Não estava tão na moda quanto a moçada, nem tão colorido. Porém, preparado psicologicamente para o que havia me proposto, cobrir o evento do começo ao fim para um site no Japão. Tudo certo para enviar boletins on line direto da sala de imprensa para o outro lado do planeta. Nada mal para quem há um ano atrás não sabia nem ligar um computador.

Enturmado com os descolados fashion localizei o ónibus que nos levaria à festa. Tomamos um susto, juntos! Eu e a galera dance. Um rapaz que dizia ser da organização, e era, cercado por uns cinco seguranças recém saídos do Programa Gigantes do Ringue todos de paletó e óculos escuros (MIB - Os Homens de Preto) começou a berrar como aquele sargento do filme Força de um Destino: - TODO MUNDO NA PAREDE! ENCOSTEM! Pensei: isto aqui é uma batida policial? Não, não era! Era um baixinho metido à valente utilizando um tom de voz totalmente desnecessário para intimidar a molecada que estava na maior paz. Até entendo a preocupação, mas não era o caso. Poderia ter dito as mesmas coisas de forma mais amena e o resultado teria sido o mesmo. - ENCOSTA Aí. Ele continuou a gritar. - JÁ DISSE QUE É PRA ENCOSTAR NA PAREDE! Peito estufado, baixinho e cara de bravo. Assim até eu! Com aqueles seguranças todos ao meu lado eu xingo até o Popó.

É O SEGUINTE QUEM MANDA NESTE ÓNIBUS É ESTE SENHOR AQUI! E mostrou o Gigante do Ringue principal. AQUI NÂO PODE BEBER, FUMAR, ANDAR NO CORREDOR, COLOCAR A CABEÇA PARA FORA! ESTAMOS ACERTADOS? Ele estava com a razão. Quase bati continência e gritei: SIM SENHOR! Não o fiz. Ao entrar na condução pediram meu crachá de imprensa.

Ando com um bloco de anotações e estava escrevendo sobre o que tinha acabado de presenciar. Não é que um dos MIB veio tentar ler o que eu estava escrevendo! Escondi a "prova do crime" e fiquei na minha. O pito na garotada foi tamanho que a galera perdeu todo o pique. Cabeças baixas e um silêncio só. Parecia excursão a velório!

Já perdoei o baixinho invocado.

Faltavam vinte quilómetros para chegar ao evento de música eletrónica e eu já podia ouvir: Tum! Tum! Tum! Tum! Yéééh! Tum! Tum! Tum! Tum! Comecei a pular sentado, inconscientemente. Tum! Tum! Tum! Yéééh! Tum! Tum! Entrei totalmente no clima antes de chegar ao local.

Lá pelo 2.895º Tum! Cheguei!

Nunca vi tantos seguranças juntos. Tinha mais seguranças que público, no horário que cheguei. Era MIB para tudo que é lado. Não vi mais o baixinho invocado. Sumiu!

Alguém mais cordial me indicou o portão de entrada para a imprensa. É logo ali meu senhor! Andei dois quilómetros! Cheguei de novo! Agora no evento propriamente dito.

Na sala de imprensa dez computadores novinhos. Todos meus? Naquele momento eram. Quando a festa animou de vez percebi que teria de reparti-los com muitas outras pessoas. Tudo bem! Dei um jeito. De hora em hora voltava para o QG jornalístico para enviar meus boletins ao vivo. Lembrei daqueles filmes americanos antigos, bem antigos, em que os jornalistas corriam aos telefones brigando com os demais para dar um furo de reportagem. A situação era parecida, só que via Internet.

Mordomia! Tinha pizza e refrigerante para quem estava cobrindo o acontecimento.

O único problema que encontrei foi conseguir andar no meio de 44 mil pessoas dançando! Nunca tinha visto tanta gente reunida em um mesmo lugar. Foi um barato! A sala de imprensa ficava (exagerando) a uns quinze quilómetros das pistas de dança! Minha missão era a de ir e vir a cada 60 minutos, passando por aquele oceano de gente! Missão Impossível! Ou Quase!

Estava com muito medo de me esnroscar no piercing de alguém. Vocês já imaginaram a situação? Não aconteceu. Como está na moda fui de óculos de lentes brancas, sem grau. Coisa de quem quer ficar fashion sem o menor talento, no meu caso. Estava legal! O problema é que fui tomar um café usando aquilo. O vapor proveniente da xícara embaçou as lentes e fiquei cego temporariamente. Parecia que tinha saído de óculos, de uma sauna. Quando voltei a enxergar notei algumas pessoas rindo de mim. Não sei porque.

Tum! Tum! Tum! Yéééh! O chão vibrava. As paredes vibravam. Eu vibrava. Tudo vibrava! Tum! Tum! Não acabava mais. E foi assim até as nove da manhã.

Missão cumprida! Enviei todos os boletins e passei por uma das experiências mais interessantes de minha vida! Sério! Tudo muito bem organizado. Quando pecaram, e foi pouco, foi por excesso e não por falta. Não queria estar no lugar dos organizadores. Muita responsabilidade.

Cheguei em casa às dez da manhã do domingo e dormi o dia todo. Algo permaneceu em meus ouvidos por mais umas oito horas: Tum! Tum! Tum!....

Silvio Alvarez é assessor de imprensa da banda rock pop YSLAUSS, artista plástico de colagem e colunista. silvioalvarez@terra.com.br Ilustração (não disponível nesta página) de Bruno César: brunoartes@uol.com.br
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