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Poesias-->UM DESMEMORIAL -- 26/11/2004 - 23:05 (ANTONIO MIRANDA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM DESMEMORIAL



por Antonio Miranda



Diante de um espelho

que reflete outros espelhos

vejo-me

não no espaço mas no tempo

a refletir sobre o passado.



O espelho é uma dimensão

do tempo da desmemoria

em que imagens refletidas

não refletem seus espaços

esquecidos

- espaços sem um lugar

definido.



Lugares no espelho da memória

refletindo-se, aproximando-se

de lugares tão distantes, perdidos,

não-lugares, em tempo algum

e arbitrários, delirantes:



o Orinoco lado a lado

com o Rio de la Plata,

la Plaza Altamira

más allá de La Recoleta

(eu a transitar inconsútil)

e a ponte de São Francisco

separando Nova Iorque

do Rio de Janeiro

(em que vago solitário e ermo).



Nenhum absurdo em tão absurda

geografia, em minha desmemória.



(Lugares como imagens

desgastadas

co-habitando momentos

impossíveis

até ao desvario:

revendo-se lugares

em momentos diferentes

numa seqüência

de assombros

e desacertos

inquietantes.



Dos cadernos da escola saem

cleópatras, iracemas

e as cataratas do Iguaçu.;

Maria Callas cantando

o Tico Tico no Fubá

e a Elis Regina

- bem que merecia –

recebendo o Grammy

depois de cantar La Cumparsita.



Na memória convivem

pssoas que tanto amei

numa promíscua proximidade,

independentes de mim,

apaixonando-se, fundindo-se,

abandonando-me de vez.



Lembranças de desejos

irrealizados, tão sonhados,

tristes, amores idealizados,

que nunca aconteceram

ou que deixaram de ser,

mares nunca dantes navegados.



Eu em vários momentos

com feições tão diferentes,

desconcertantes,

olhando-se pelos prismas dos espelhos,

estranhando-se, acusando-se

numa reflexão permanente.



Os espelhos irrefletidos

nada sabem da existência

de suas imagens jamais



ouvem-se os estilhaços de vidros

e faz-se escuro

e durmo para sempre.



------------------------------------------

(Chácara Irecê, Goiás, 26/11/2004)

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