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Contos-->Mané Dez e Bôca de Ouro -- 05/02/2004 - 09:56 (Aloysio Clemente M. I. de J. Breves Beiler) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Mané Dez e Bôca de Ouro

Sentado no banco da praça totalmente embriagado e cantando, ficava Mané Dez. Às vezes lia um jornal para espanto dos jovens, e comentava aos brados as notícias.

"O governo vai aumentar o preço da gasolina." e dava uma explicação convincente para a manchete. Ficávamos mais espantados ainda.

Como aquele bêbado podia entender daquilo?

Quando o víamos gritávamos:

Mané!!! canta!

E êle arrematava:

"Parei meu carro na Praça Paris
Eu a Conceição
Aderrepente recebi um bá noite
Era du Cosme Damião..."

Mané!!! canta "A Jardineira"

e lá ia êle:

"O jardineira porque istás tão tristes
mais ú que foi Qui aconteceu
foi a camélia que deu dois suspiros
que caiu do galho e depois morreu
É vem a jardineira..."

Ele sempre trocava a estrofe...

No final pedia uns trocados para tomar mais umas.

Volta e meia, na estrada, lá estava o Mané esborrachado. O socorro era imediato.
"O que houve Mané?"
"A bicicreta caiu respondia ele".

Ora, com aquele quantidade de álcool no corpo ele devia ver duas ou mais estradas. Como bicicletas não andam sozinhas, nem bêbadas ficam, a teoria do Mané era fruto do destilado de cana.

Pode parecer piada mas o fato aconteceu.

Mané tinha um amigo, o Bôca de Ouro. Bebiam todas. Numa dessas farras os dois foram para um lugarejo próximo de Piraí e ficaram até de madrugada. Na volta tinham que passar pela Presidente Dutra, auto-estrada naquela época perigosa.

Pegaram as bicicletas e na contramão pelo acostamento iniciaram a grande descida próxima ao Arrozal. Escuro, estrada com pouco movimento, lá vão eles descida abaixo. De repente Bôca de Ouro diz para Mané:

"É vem duas motas subindo! (estavam na contramão, ou seja os caminhões subindo).

Vou passá no meio delas!"

Como Mané estava no torpor de Baco e açodado por Morfeu, não disse nada.

Bôca de Ouro entrou na pista e deu de cara com um caminhão Scannia carregado subindo muito lentamente. Sorte sua, pois a pancada foi menos violenta. A bicicleta e o condutor foram parar longe.

Com a batida os caminhões pararam e socorreram os discípulos de Baco. Bôca de Ouro foi levado para o Hospital de Piraí. Nossa família foi chamada (eram nossos empregados), e meu irmão o transferiu para o Rio de Janeiro para o Souza Aguiar. Traumatismos múltiplos que ele não sentiu de tão anestesiado.

Morando no Rio de Janeiro, recebi um pedido de minha mãe para que fizesse a gentileza de visitá-lo, que dissese que era meu irmão ou parente.
Fui até lá, e encontro uma semana depois, Bôca de Ouro deitado na enfermaria todo estropiado e rindo muito. Falei com êle: Que maluquice! podia ter morrido!
"...tava de porre e pensei que era duas motas (motocicletas)".

Se recuperou e voltou ao trabalho. Seus amigos de copo e farra, cairam em sua pele com o acontecido.
Não os vi mais. Já se passaram muitos anos, mas é provável que suas almas dedicadas ao arrasta-pés e a boa pinga do interior, ainda frequentem os botecos e festas na região.

(Aloysio Clemente M I de J Breves Beiler - Out2000)
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