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cronicas-->Crónica do Affonso e palestra sobre Enron, ensinam "ser pai -- 24/05/2003 - 10:59 (Linda Cidade) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Amigos,

Gostei de ler e gostaria de compartilhar com meus amigos esta crónica de Affonso Romano de Sant Anna, particularmente após participar de uma palestra internacional, acompanhado de um executivo amigo, que estava com... seu filho! Filho, quase calouro de faculdade, garotão, o cabelo já estava crescido!

Confesso que os invejei - pai e filho! O pai, pelo orgulho da companhia, o filho pela atitude!

Os dois corriam o risco do tão falado "mico": o pai, ao expór seu filho ao ambiente dos executivos engravatados que só sabem falar de resultados, competências e gestão de volumes que superam os 10 dígitos, em dólar, e que parecem não ter filhos, só subordinados, chefes e clientes; o filho, ouvindo interminável bla-bla-blá, posterior dúzias de apertos de mão, nenhuma menininha ajeitada pra olhar, só senhoras sizudas com cara inteligente, dezenas de piadinhas sem graça. PQP.

Numa enquete rápida. Pesquisa qualitativa e quantitativa: Quais dos pais presentes tiveram este tipo de oportunidade? Resposta: "nenhum"! Não é de dar inveja!
Note-se que eu conheço, apesar do esforço de memória, apenas mais um pai que tem este tipo de atitude! Mas é uma exceção: além de formação profissional, também compromete-se com a formação cultural, religiosa e humana de seus filhos. Pai exemplar, filhos idem!

Acho que os executivos estão começando a descobrir o seu lado humano, familiar, paternal! Que bom!
Principalmente quando o tema abordado na palestra foi a "ascensão e queda do império Enrom"! Ou seja, necrópsia completa!

Neste evento, ao invés de "network", ética profissional ou capacidade de gerir negócios, o maior "legado" recebido foi "ser pai"! Que bom!

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"Para quem é pai/mãe e para aqueles que serão..."

Há um período em que os pais vão ficando órfãos dos seus próprios filhos.

É que as crianças crescem independentes de nós, como árvores tagarelas e pássaros estabanados. Crescem sem pedir licença à vida. Crescem com uma estridência alegre e, às vezes, com alardeada arrogància. Mas não crescem todos os dias de igual maneira. Crescem de repente.

Um dia sentam-se perto de você no terraço e dizem uma frase com tal maturidade que você sente que não pode mais trocar as fraldas daquela criatura. Onde é que andou crescendo aquela danadinha que você não percebeu? Cadê a pazinha de brincar na areia, as festinhas de aniversário com palhaços e o primeiro uniforme do Maternal? A criança está crescendo num ritual de obediência orgànica e desobediência civil. E você está agora ali, na porta da discoteca, esperando que ela não apenas cresça, mas apareça! Ali estão muitos pais ao volante, esperando que eles saiam esfuziantes sobre patins e cabelos longos, soltos. Entre hambúrgueres e refrigerantes nas esquinas, lá estão nossos filhos com o uniforme de sua geração: incómodas mochilas da moda nos ombros.Ali estamos, com os cabelos esbranquiçados. Esses são os filhos que conseguimos gerar e amar, apesar dos golpes dos ventos, das colheitas,das notícias, e da ditadura
das horas. E eles crescem meio amestrados, observando e aprendendo com nossos acertos e erros. Principalmente com os erros que esperamos que não repitam.

Há um período em que os pais vão ficando um pouco órfãos dos próprios filhos.

Não mais os pegaremos nas portas das discotecas e das festas. Passou o tempo do ballet, do inglês, da natação e do judó. Saíram do banco de trás e passaram para o volante de suas próprias vidas. Deveríamos ter ido mais à cama deles ao anoitecer para ouvir sua alma respirando conversas e confidências entre os lençóis da infància, e os adolescentes cobertores daquele quarto cheio de adesivos, pósteres, agendas coloridas e discos ensurdecedores. Não os levamos suficientemente ao Playcenter, ao Shopping, não lhes demos suficientes hambúrgueres e cocas, não lhes compramos todos os sorvetes e roupas que gostaríamos de ter comprado. Eles cresceram sem que esgotássemos neles todo o nosso afeto.

No princípio subiam a serra ou iam à casa de praia entre embrulhos, bolachas, engarrafamentos, natais, páscoas, piscina e amiguinhos. Sim, havia as brigas dentro do carro, a disputa pela janela, os pedidos de chicletes e cantorias sem fim. Depois chegou o tempo em que viajar com os pais começou a ser um esforço, um sofrimento, pois era impossível deixar a turma e os primeiros namorados.

Os pais ficaram exilados dos filhos. Tinham a solidão que sempre desejaram, mas, de repente, morriam de saudades daquelas "pestes". Chega o momento em que só nos resta ficar de longe torcendo e rezando muito (nessa hora, se a gente tinha desaprendido, reaprende a rezar) para que eles acertem nas escolhas em busca de felicidade. E que a conquistem do modo mais completo possível. O jeito é esperar: qualquer hora podem nos dar netos. O neto é a hora do carinho ocioso e estocado, não exercido nos próprios filhos e que não pode morrer conosco. Por isso os avós são tão desmesurados e distribuem tão incontrolável carinho. Os netos são a última oportunidade de reeditar o nosso afeto. Por isso é necessário fazer alguma coisa a mais, antes que eles cresçam.

"Aprendemos a ser filhos depois que somos pais. Só aprendemos a ser pais depois que somos avós."
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