GRAFITE
Estou em cima de uma linha vermelha
Entre a lucidez e a loucura
Entou num beco sem saída
Estou no meio do caminho
De uma freeway
De uma infinita... infinita highway
Sem destino, sem retorno
Sem equilíbrio, sem contorno
E fico tão distante
Com as mão firmes segurado num frágil barbante
Um fio cortante
A dois metros do chão
Dois passos para um erro
Um abraço para a exatidão
Às vezes sinto medo, daí
Faço uma poesia e me contento
Que é meu sapato confortável
Meu travesseiro macio
Meu suco gelado, e...
Minha pedra naquele mesmo sapato
Prazer quadrado, paquiderme alado
E se o ângulo reto também pouco me atrai
Se quero curvas livres e sensuais
Esqueça-se os esquadros,
A hipocrisia, as críticas,
O preço, os métodos.
Cravo a ponta-seca ao dedo
E também o compasso deixo de lado
Que finjo meu sangue ser grafite
Riscando torto, meio curva,
Meio linha... colorada... vermelha.
autor: Kico Toralles
07 de Março de 2003
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