Usina de Letras
Usina de Letras
79 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62240 )

Cartas ( 21334)

Contos (13265)

Cordel (10450)

Cronicas (22537)

Discursos (3239)

Ensaios - (10368)

Erótico (13570)

Frases (50639)

Humor (20031)

Infantil (5436)

Infanto Juvenil (4769)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140810)

Redação (3307)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6194)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->E agora, Eleutério? -- 24/05/2003 - 15:24 (Christina Cabral) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
E agora, Eleutério?

Eleutério, você zombou do meu trabalho, disse que eu, como cronista, não estou com nada! Não o fez bem, Eleutério, não o fez bem! Deixa comigo que eu o ajudo: Eu, cronista, sou aproveitadora de notícias, sou o lado camuflado, floreado, da atualidade. Sou a parasita do repórter! Enquanto o "foca" dá duro, à cata de notícias, eu, cronista, com um sorriso maquiavélico, encolhidinha no meu cantinho, fico esfregando as mãos, esperando, astuciosa, que o prato me chegue. Dai sim, boto uma flor aqui, uma pitada de sal ali, salpico humor,
enfeito com palavras catadas no dicionário e pronto: uma bela e comovedora crónica "à la carte"!

Que mais você pode falar de mim, hein, Eleutério? Ah, sim, eu cronista sou maleável, estou sempre em cima do muro; não tomo atitudes, porque não preciso e nem se espera de mim qualquer partidarismo. Não! eu cronista sou pêndulo, balanço conforme a hora. O meu estilo de cronista fica entre a ficção e a realidade. Eu creio, mesmo, que o meu reduto ontológico de cronista está no "não ser": não ser escritora, não ser jornalista, não ser poeta, não ser humorista nem dramaturga. Logo, eu cronista sou produto híbrido de tudo isto. A onomatopose (ah, vai você catar no dicionário, meu chapa) desta cronista é camaleão! Mudo de cor, conforme o colorido do ambiente! Sem outro talento, além de imitar e florear, eu cronista sou a invejosa potencial. Incapaz de poetar, uso a sátira; literata incapaz, uso a literatagem; sou literateira, literatelha, literatiça; sou, literalmente, uma literataça (dicionário do MEC - pág. 782, para facilitar o seu trabalho, Eleutério).

A repressão, a opressão, a moralidade coatora, a catálise que os monstros sagrados da literatura exercem sobre o meu insignificante ego, e tendo o meu trabalho sempre alienado, alijado dos assuntos sérios, eu cronista reprimo a minha libido, visto a carapaça verde do gafanhoto e saio devorando trabalhos alheios, sejam eles quais forem.

E já que estamos a procura de verdade, sem peias, sem jaça, da graça ou falta de graça e mesmo do estado de graça desta cronista, acrescentamos: Eu cronista, sou cheia de soberba! Pergunte ao repórter: O que você é? - ele diz: sou um jornalista e apresenta seus documentos. Pergunte a mim; eu cronista, estufo o peito, levanto uma sobrancelha, abro as ventas, respiro fundo e profiro: sou uma cronista! - e não lhe mostro nada, porque não tenho lenço nem documento. Afinal de contas, eu cronista sou o verdadeiro "verossimilhante" porque sou semelhante sem ser "vero"!

Agora, existe uma coisa que eu cronista não sou, me ufano de não ser: oniróide! Ah, não, Eleutério, oniróide eu não sou, nunca fui e jamais serei e se você insistir, eu chamo o guarda. Passe bem!

(Ah! antes que me esqueça: Oniróide - pág. 943 do dicionário do MEC)






Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui