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Contos-->AMIZADE SE FAZ PELO ESTÔMAGO -- 09/11/2000 - 11:20 (Cristal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ela tinha saído de um lugar interiorano, para uma grande capital urbanóide. E no novo escritório, rodeados de divisórias e computadores uma grande população de "workholics", seus novos colegas. Já tinha passado três meses e... No começo ela achou que aquela frieza era normal, que aos poucos o pessoal conhecendo-a iriam se enturmar. Foram um dia tomar chopp juntos, mas ninguém perguntava da sua vida como no interior, sobre sua casa, seu cachorro. Estranhou. Depois passou pela fase de achar que era porque eles estavam ainda estranhando o jeito dela, afinal falava diferente, usava umas expressões novas e sabia que todos percebiam seu jeito diferente de falar. Às vezes estranhava tanto o comportamento impessoal de seus colegas de trabalho que começou a pensar que talvez não tivesse só mudado de cidade, mas de país. "Deve ser assim que se sente esse povo que vai para os E.U.A." Ela achava estranho esse comportamento. "Logo no Brasil, meu país, onde somos conhecidos por sermos um povo tão receptivo, estou me sentindo assim..." Mas nada de uma conversinha fiada no meio do corredor, um sorriso, uma piscadinha de olho, uma bom dia mais autêntico em que um olha para a cara do outro e o exerga de verdade. Era aquele "Bom dia" seco, reprimido, que saía de dentro de uma garganta cavernosamente evergonhada. Nem as meninas, as mulheres que são tão conhecidas por serem mais dadas. Elas não estavam se enturmando. Nada de: "Qual o baton que você passou...Que cheiro bom esse perfume...Onde você comprou essa roupa." Nada, nada, nada. Mas ela era astuta e persistente,a previsão é de que iria trabalhar ali por um bom tempo, morar naquela nova capital sabe-se lá até quando. Mas um belo dia percebeu que inevitávelmente todos passavam por ela para poder chegar ao bebedouro d água, ao cafezinho, ao chazinho que ficava ali ao lado de sua "baia" como costumava a dizer. Mas até ali para tomar água, seus colegas eram rápidos. Bebiam o conteúdo de seus copinhos e tchau. Ela pensou: "Vou mudar essa rotina...vou pegar esse povo pela necessidade mais básica que o homem tem...me aguardem..." E movida pela vontade de criar um clima mais humano, primeiro trouxe umas plantas, duas jibóias para enfeitar o ambiente. O chefe agradou, achou que combinou com a cor da divisória, a planta não estava incomodando mesmo...pode ficar...legal. "Dá um clima mais humano..." Depois vieram os forrinhos bordados para enfeitar a bandeja de café... "Ficaram mais bonitinhos..." Teve alguém que achou chique.Mas ela queria mais. "Ainda não se soltaram..." E num belo dia, acordou mais cedo e antes de ir para o trabalho, ligou o forno e preparou aquele bolo de laranja, receita de sua comadre do interior. Com recheio de frutas cristalizadas. "É hoje, vou pegar esse povo pelo estômago...." Chegou no escritório com a vasilha tipo "Tupperware" transparente de propósito, com os bonitos pedaços de bolo bem dispostos e generosos. Colocou ao lado da garrafa do café e nada disse. Os primeiros olharam e fizeram que não viram. O officeboy, que era mais saído foi o primeiro. "Posso?" perguntou para ela. "Fiz para nós todos..." E lá foi ele indo embora comendo um pedaço de bolo todo feliz. Ao longo do dia os pedaços foram discretamente sumindo. Esqueceu a vasilha de propóstio. No segundo dia, ela repetiu a dose. Antes do meio-dia a vasilha tinha se esvaziado a rodinha ia aumentando em torno do café, quero dizer, do bolo. Passado uma semana, todo dia um bolinho diferente, uma rosca. Agora todo mundo vinha, ficava ali um pouquinho coversando amenidades, perguntavam da vida dela. "Não querem ir comer um bolinho amanhã lá em casa..."

FIM

Geórgia 08/11/00 às 11:05
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