Preso ante ao juízo inerte da alvura da folha de papel, o poeta está só!
Seu cérebro é o campo de batalha em que as idéias e a arte e as palavras exalam avassaladoras forças telúricas, travam uma guerra civil sem quartel e tentam (muitas vezes em vão) gerar o verso necessário.
Suando e sofrendo e teimando e limando, o poema digladia-se pelas entranhas do poeta.
A folha branca é o deserto sem mácula. As palavras fogem como caça assustada. A pena paralítica esconde o caos interior do poema que aflora à pele mas se recusa a descer ao papel.
Mesmo afinando a lira e a canta amolada os versos vergastam o poeta intensamente até que - finalmente - o poema maduro desponta dentre as linhas pela brancura virgem do papel, tal qual uma aurora maculada no horizonte...