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Contos-->AMOR DO CÃO -- 08/11/2000 - 10:20 (Cristal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Todo dia quando venho chegando você está no portão a me esperar.Com seu olhar brilhante repleto de energia, típico de quem ficou o dia todo em casa.
Mal passo pelo portão, com montes de novidades, sacolas e cansaço. Sacolas que você tenta espiar contra a minha vontade. Afinal, nem sempre trago coisas para ti.
Apesar de toda sua alegria ao me ver chegar, a realidade é dura e eu quero logo é ir tomar um banho, comer e me sentar.
Acostumadamente você sempre tem paciência. Se conforma e com uma cara emburrada continua a me esperar.
Quando me distraio e finalmente me sento, lá vem você denovo a me provocar. Meche em meus cabelos, me desconcentrando de meus livros. Te afago um pouco e te deixo de novo para lá, injustamente.
Esse insistente clamor seu por atenção às vezes consegue até me irritar. Mas que amor ingrato é o meu. Eu sei disso. Às vezes te mantenho ali, num ambiente prezo e subjulgado. E você sempre faz tudo o que eu quero, isto é, quase sempre. Pois quando cisma e revoltas por causa de meu jeito, pega as minhas roupas e as transforma em tiras, externando todo seu misto de amor e ódio por mim. Tu me irritas com o seu desperdício de água e de comida e quando lhe dá estas fazes, te puno com meu silêncio. A frieza toma conta de minha face, que permanece fechada e imóvel toda vez que te vejo.
Eu sei que a convivência não é fácil para nós dois e deste o começo tivemos que nos adaptar. Às vezes acho que estamos nos acertando. Na verdade, acho que melhorou muito deste o começo, uma evolução... A princípio, estávamos perdidos. Eu não sabia como fazer, queria que você se sentisse bem. Até que com o tempo aprendemos a descobrir no mesmo território nossos próprios e individuais espaços. Fundamental para a boa convivência. Hoje eu e você sabemos disso.
De lá para cá nos acertamos tanto, que basta olhar para você e leio seus pensamentos. Te conheço agora tão bem que percebo em sua face suas boas e más intenções. Leio suas reflexões a respeito das minhas atitudes. Vejo as perguntas que não faz, mas que suas sombrancelhas denunciam. E acho que você também faz o mesmo comigo. Sabe de cor todos os meus movimentos, meus passos, minhas exitações. Quando estou nervoso, calmo, feliz. Ah, quando estou feliz... Você sempre vem comigo e desastrados em meio a nossa farra, sempre acabamos nos tropeçando e caímos rolando no chão suados. E quando estou calmo... Sento e te acaricio... Eu sei e reconheço que não deve ter sido fácil para você me entender durante todos esses anos de convivência. Mas ninguém melhor do que eu te compreende. Te dou toda a razão quando resmungas, quando saio e você sabe que eu não hora para voltar nem faz idéia de para onde vou. Mas eu também sei que, quando voltar, você estará lá, no portão, pacientemente, firme e forte me esperando, vigiando meu horário de chegada. Eu sei que, para a minha surpresa, vai me receber com toda a alegria, a mesma de sempre, eternamente, o mesmo brilho nos olhos. Pos isso mesmo, hoje, eu reconheço, que é verdade, que o cão é mesmo o melhor amigo de um homem.


Geórgia
Em algum dia de 1998.
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