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Contos-->Sorrisos -- 11/02/2004 - 11:48 (Gabriel Rocha) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O mundo já me “sorriu” duas vezes. A primeira quando faleceu minha mãe, e então, no velório, recebi um belo sorriso de um homem - que eu viria a saber mais tarde, era o principal responsável pela morte dela - Acompanhado de um singelo :
"- A vida é assim meu garoto!”. A segunda foi há poucas semanas, quando meu patrão me mandou embora, apos eu respondê-lo, com digamos, uma certa altivez e com razão, pois estava certo na ocasião. O sorriso veio quando meus ex-“colegas” souberam do ocorrido, deram alguns tapinhas em minhas costas e derramaram sobre meu oceano de ignorância, uma pérola da sabedoria como: " - As coisas não são assim, Mauro...". Os dois sorrisos iguaizinhos, com o mesmo amarelo desbotado. A marca de um sorriso comum.
Agora estou aqui. No largo do Rio Vermelho, desempregado e olhando os que passam. Comprei um jornal. Nada como estar por dentro do presente, saber que está vivo e comprar uma coca-cola.
Então ouço gritos, vindo de uma pracinha, logo perto a banca. Eram duas mulheres, meninas melhor dizendo, discutindo sobre algum assunto que eu também não lembro muito. Começava já a juntar gente próximo ao local. O espetáculo já estava formado e é sempre bom sair da rotina.
Foi quando percebi que sentada num banco próximo, estava uma figura alheia a tudo, prestando muita atenção numa revista, dessas que contam a vida de todos os artistas da televisão. Aproximei-me. Parei junto e a observei de cima. Ela não fez nenhum movimento. Continuava muito concentrada em sua leitura. Parece que não me viu chegar.
- Oi...- Disse eu esperando alguma resposta.
- Este casal... eles estão separados agora, mas sempre acabam juntos no final da novela...é sempre assim... – Recebi o silencio como resposta...
Então ela resolveu levantar o rosto. Mas ainda nenhuma palavra. Continuei a puxar papo, mas ela apenas acenava com a cabeça.
- Qual o seu nome?
Então ela me sorriu. Apenas isso. Mas era tudo. Um belo sorriso, apesar de ter uma leve deficiência no canto esquerdo de sua boca. Balbuciou com algum esforço:
- Cín- ti-a.
Percebi que ela era deficiente auditiva. Era o sorriso que sempre procurei. Um belo sorriso. Diferente de outros tantos que já tinha recebido. Havia algo de diferente, algo que talvez eu só fosse entender mais tarde. Mas, nesta tarde, saímos de mãos dadas, e o mundo, já não nos doía mais tanto. E não importava muito se ele estava “sorrindo”, ou não.


Gabriel A. Rocha
gbeo@bol.com.br
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