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Cronicas-->E que foi mesmo que eu disse? -- 26/05/2003 - 17:58 (Christina Cabral) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O que foi mesmo o que eu disse?

Coisa dura, dura demais, é a idade. A gente tenta disfarçar, mas não adianta e, o pior de tudo, é que por dentro a gente se sente jovem, capaz de dançar, sapatear, cantar ao violão ou trabalhar em peças teatrais, como nos idos tempos da adolescência, O espelho nos puxa as rédeas com crueldade: - "Ponha-se no seu lugar, oh! mulher, e deixe de momices!"

Uso óculos bifocais porque sou ruim da vista, tanto para longe como para perto, e saio trumbicando, por aí, com o chão dançando na minha frente: levanto a cabeça para enxergar longe, abaixo a cabeça, com o queixo batendo do peito, para descer da coxia. Não ha elegància que ature! Sou, assim, uma mistura de tartaruga, andando mole, com calango, sacudindo a cabeça . Já não me deixam sair sozinha porque caio à toa e, quando entro numa loja, na hora em que saio não sei de que lado eu vim.

Ando com a cuca mole; outro dia fui dar xarope para um netinho e toquei-lhe, goela à baixo, uma colher de mercúrio cromo; depois, em perfeito estado de adoidamento, sai correndo de cá para lá, pedindo socorro. Meu distinto dedou a garganta do guri em questão, enquanto me garantia que a "mezinha" não iria fazer-lhe mal. Depois de tudo acalmado e o infante rindo alaranjado, tive que confessar que ultimamente tenho cometido "pequenos" enganos: aspirei colírio, em lugar de Noselit e adocei o café com Lavolho, pensando que era Adocil, coisinhas assim, sem importància. Agora, quando vou dar xarope para o "poveruto" do netinho, ele me pergunta com o olhar apavorado e desconfiado: "É salópe, é, vovó?" Credo, que horror!

Na cidade, encontrei um senhor muito distinto e simpático, que me cumprimentou, sorrindo: - "Como vai, Dona Christina?" - "Bem obrigada, e o senhor? E a família?" E patatí e patatá, ferramos um longo papo, enquanto que, atoleimada, eu tentava descobrir quem ele era, já que sua fisionomia me era tão familiar. Lá pelas tantas eu descobri! Era o meu carteiro! Eu não o havia reconhecido só porque ele estava de terno, e não de farda, como o vejo todos os dias, em meu portão, entregando a correspondência. Que barbaridade! Daqui a pouquinho as amigas me abraçarão e me alertarão: -"Christina, eu sou "Fulana de tal", sua velha amiga, lembra?" e eu responderei, com aquele olhar pateta e santificado das lézinhas da cuca: "Lógico, como não haveria de reconhecê-la, "Beltraninha´?"

Não, quando a gente começa a falsear na cabeça e trumbicar com os pés... é porque a coisa está ficando preta...
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