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Contos-->Pecado Capital -- 09/11/2000 - 23:04 (Silvio Freitas Teixeira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O pai, sentado à mesa, preenchia as palavras-cruzadas enquanto aguardava o jantar que seria servido tão logo sua esposa terminasse a luta que travava com um frango à passarinho.
“- Capital do Egito, 5 letras, termina com O.” – lê em voz alta o marido, na espera de um socorro divino.
“- Quito.” – Responde a mãe enquanto finalmente vence o frango, por nocaute técnico.
“- Brigado!”
Alguns minutos se passam em um silêncio incriminador, quando inexoravelmente o momento se precipita.
“- Tem alguma coisa errada aqui, deu problema com o “seu” Quito mãe.” Incriminou o pai, justo quando o frango, à passarinho, voava pra mesa.
“- Apresentador do Jornal do Almoço que termina com Martins é o Lasier não é ?”
“- Quem ?” Questionou a mãe mais preocupada com os dedos que queimavam à bandeja.
“- Aquele carequinha, que é sempre o mediador nos debates.”
“- É o Lasier !” Afirmou peremptoriamente a mãe como quem salva o dia.
“- Então Quito não é a capital do Egito; e foi você que disse...”
“- Então não sei...” Conclui a mãe.
“- Cairo...
O pai e a mãe se olharam procurando no olhar cúmplice do cônjuge , o autor da exclamação feita quase ao acaso. Então os quatro olhos se voltaram para o autor da possível façanha. O filho, Hamilton de 13 anos, nem sequer levantou os olhos e enquanto desenhava alguma coisa no papel repetiu.
“- A capital do Egito é Cairo.”
“- C – A – I – R – O , gooool. Que chutão hein ?” Proferiu o pai “- Como você sabia ?”
“- Sabendo...”
Hamilton nunca fora um garoto muito falante, tirava boas notas na escola, gostava de jogar bola mas por ser “ruim de bola” acabava sempre indo pro gol, adorava videogame e passava horas na Internet, mas, apesar de tudo, as vezes eles pareciam completos estranhos.
“- E qual é a capital da França ?” Perguntou o pai como se estivesse testando à altura o filho.
“- Paris né pai, essa todo mundo sabe.”
“- E da Holanda ?”
“- Amsterdã...”
“- Como é que você nunca nos disse que sabe essas coisas ?” Pergunta o pai.
“- Ninguém nunca perguntou...”
“- Vamos comer que a comida não vai esperar pra esfriar gente !” Anunciou a mãe sem perceber o olhar de espanto do pai em direção ao seu garoto.
“- E a capital de Honduras ?”
“- Tegucigalpa...” Respondeu o filho que se encaminhava para a mesa. Detestava comer na mesa, gostava mesmo é de fazer as refeições vendo televisão ou lendo, mas sabia que a janta soberbamente preparada não lhe daria qualquer possibilidade de fugir do tradicional.
“- Tegucigalpa ? Isso não é uma cidade do México ?” Questionou a mãe. No entanto aparentemente o pai também não sabia a resposta à sua pergunta pois levantou-se e socorreu-se no globo terrestre que ficava na estante do quarto do filho.
“- Não é que é mesmo ! Você sabe tudo quanto é capital ?”
“- Quase todas.” Respondeu o filho rapidamente repreendido pela mãe.
“- Não fala de boca cheia guri ! Pai, não vem pra mesa ? Não vai me fazer uma desfeita dessa né ?”
O pai, absorto por entre os continentes, viajava o dedo atravessando os países a procura de um que lhe parecesse impossível de ser conhecido pelo filho. Pensou em perguntar a capital daqueles países no meio da Europa, tão pequeninhos que o nome tinha de ser escrito lá no Pólo Norte. Não, esses, por ser difíceis deviam ser os preferidos do garoto.
“- Qual é a capital de Burkina Fasso ?” desafiou o pai com metade dos olhos por cima do planeta a mirar o filho.
Hamilton pela primeira vez não respondeu de imediato, antes levantou os olhos até os do pai. Uma dúvida talvez ? Talvez apenas procurando descobrir de onde o pai havia retirado o nome incomum daquele país. Encontrou-o atrás do Globo, atrás dos óculos, e sorriu de forma matreira para o pai.
“- Uagadugu !”
“- Mãe, cê viu ? O guri é um gênio !”
A mãe já um pouco chateada por não estar recebendo os parabéns que com certeza havia feito por receber, ostentava uma cara de poucos amigos.
“- Puxou a mim, eu também era boa em Geografia no colégio.”
“- Nós tínhamos de levar o guri no Silvio Santos pra responder sobre as capitais dos países em todo mundo. Podíamos ganhar um milhão de reais.”
“- Deixa de besteira e come teu frango. Além do mais o Silvio Santos não tem um programa assim, só tem o Show do Milhão que tem que responder sobre tudo quanto é coisa.”
“- Tem aquele outro do Céu é o Limite, não tem ? O J. Silvestre.” Disse o pai mais por fora que criança em casamento de igreja.
“- Que Silvestre o que, esse até já deve ter morrido. Não tem nenhum mais que faça isso.”
“- Nem nos canais a cabo ?”
“- Hã hã.”
“- Que puxa...”
O pai, desconsolado, sem saber como tirar algum proveito de tão incomum descoberta, se dispôs a pelear com o jantar, que, conforme as ameaças, já estava ficando frio mesmo.
O restante do jantar transcorreu sem qualquer outra surpresa. O pai rapidamente foi ludibriado de suas preocupações pelo delicioso frango à passarinho.
Antes de terminar o Jornal Nacional, a família já havia retornado a antiga forma. O pai na sala rindo do Ratinho enquanto relia as noticias do dia em sua Zero Hora, a mãe brigando com o que restara do frango para que coubesse dentro de um potinho minúsculo cuja tampa teimava em pular sempre que era colocada na geladeira, e o filho digitava fervorosamente no teclado de seu computador.
He-man fala reservadamente com Cérebro “- Pq vc nunca havia dito p/ eles o q vc sabe fazer ?”
Cérebro fala reservadamente com He-man “- Ah para com isso. Se soh pq eu disse umas capitais j deu um alvoroco, imagina se eu conto p/ eles que eu posso B#$%%ZXX... - A CONEXÃO COM O SERVIDOR FOI INTERROMPIDA – ERRO 0X800CC15
“- MÃEEEE... Eu TAVA usando o telefone
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