Com o crescimento do presidenciável Ciro Gomes (PPS) nas pesquisas, o comando de campanha da Frente Trabalhista, que reúne o PPS, PDT e PTB, admite receber doações de banqueiros. Até então, Ciro vinha refutando a possibilidade de aceitar recursos de donos de bancos para não assumir supostos compromissos do presidente Fernando Henrique Cardoso com o setor financeiro. "As doações de banqueiros serão bem-vindas, desde que sejam feitas dentro da lei e sob o manto das nossas propostas", disse o coordenador político da campanha de Ciro, o deputado João Herrmann Neto (PPS-SP). Segundo ele, apesar de defender a reestruturação do sistema financeiro e a drástica redução das taxas de juros - que fazem com que esse setor acumule grandes lucros -, o candidato conseguirá atraí-los com suas propostas. "Para não perderem os dedos, eles podem nos apoiar. Isto porque é preferível ganhar pouco, mas se manter vivo", afirmou o parlamentar, prevendo uma crise financeira no país, caso não seja mudada a condução da política econômica. E aposta que esses empresários vão preferir investir na campanha de Ciro, em vez de doar recursos para o presidenciável tucano José Serra. "Em pangaré lento, cela bonita não há", disse Herrmann, numa ironia à nova queda de Serra nas pesquisas, segundo o último levantamento do Vox Populi. Ele garantiu, no entanto, que, mesmo que a campanha receba doações de banqueiros, num eventual governo Ciro não haverá "nenhum Proer", o programa de reestruturação dos bancos privados lançado pela equipe econômica de Fernando Henrique. "A vida de banqueiro privado será difícil", declarou o parlamentar.
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