O presidente Fernando Henrique Cardoso disse nessa segunda-feira que não é papel do governo apadrinhar ninguém e que manterá a posição de não dar "avisos prévios" aos acusados de terem desviado verbas das extintas Sudam e Sudene. Segundo ele, caberá à Justiça condenar quem realmente tem culpa nos supostos desvios. A afirmação foi feita durante a solenidade, no Palácio do Planalto, de posse dos novos diretores da ADA e da Adene, agências que substituíram, respectivamente, a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). Elas foram extintas em 2 de maio de 2001. Sem citar nomes, FHC se referiu indiretamente às acusações da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PFL) e de integrantes do PFL de que o governo teria perseguido a então candidata à Presidência para beneficiar o presidenciável do PSDB, senador José Serra. No início de março, a Polícia Federal encontrou R$ 1,34 milhão em dinheiro na sede da empresa Lunus, de propriedade de Roseana e de seu marido, Jorge Murad, durante operação de busca e apreensão autorizada pela Justiça. O episódio culminou com a saída do partido do governo e o fim da candidatura da ex-governadora à Presidência. Na época, integrantes do PFL cobraram do governo o fato de não terem sido avisados da operação da PF. Na semana passada, o Ministério Público Federal denunciou a ex-governadora, Murad e o ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) por participação no suposto esquema de desvios de verbas da Sudam.