O FILHOTE DE PINTASSILGO
Havia um ninho de passarinho na copa de uma grande árvore. Dentro, três belos filhotes de pintassilgo. A mãe cuidava com todo carinho de seus filhotinhos e os alimentava e protegia até que ficassem grandes suficientes para voar e procurar sua própria comida.
Mas um dia, a mãe saiu para buscar comida para seus filhos e um deles caiu do ninho. Quando ela retornou o filhotinho não estava mais no ninho. Ficou desesperada e pensou que haviam roubado sua cria. Então, ela ouviu o chilrar do filho pedindo socorro. Ele estava no chão, entre duas grandes raízes daquela árvore centenária.
Ela correu até o filhote e tentou a todo custo trazer a pequena e indefesa ave de volta ao ninho. Mas ele era pesado demais para ser carregado. A mãe ficou desesperada, temendo o pior. Sabia que ali no chão o filho seria presa fácil para qualquer predador.
As horas foram passando e a mãe até esqueceu dos outros filhotes. Não queria deixar aquele sozinho e indefeso ali no chão. No desespero, ela também bradava, como para espantar os curiosos. Outros pássaros vieram, mas nada puderam fazer. Ficavam empoeirados nos galhos mais próximos assistindo a infelicidade daquela mãe.
Passando nas proximidades estava um velhinho. Era um homem maltrapilho, sujo, cheirando mal e com as barbas por fazer – um eremita –. Não ouvida direito, mas o chilrado era tão grande que aquela confusão despertou sua atenção.
Desviou-se de seu trajeto e foi ver o que se passava. Ao se aproximar, os pássaros se assustaram e voaram para longe. Somente a mãe, temendo o pior, continuou junto ao filhote.
A muito custo, conseguiu encontrar a pequenina ave ainda presa entre as raízes da árvore. Aproximou-se e abaixou para pegar o animalzinho. Tomou-o em suas mãos e o contemplou por algum tempo.
A mamãe pintassilgo temeu como nunca pelo seu filho querido. Achou que aquele monstro horrível ia devorá-lo ou carregá-lo para sua casa. E ela tinha motivos para temer. Pois sabia que os humanos têm o costume de arrancar os animaizinhos da natureza e trancá-los em gaiolas – uma verdadeira prisão – para o resto da vida.
Mas aquele homem não era como todos os outros humanos. Tinha uma aparência horrível, mas tinha coração. Ele amava a natureza e os homens, mesmo que estes o repudiavam. Não havia ódio ou rancor em seu coração. Não! Apesar de sua condição era um homem feliz.
Aquele era um homem velho, mas mesmo assim se propôs a devolver aquele animalzinho ao seu ninho. Pensou numa forma de fazer isso. Devido a sua idade, sabia que não conseguiria subir na árvore, ainda mais que o ninho estava num galho alto e que certamente não agüentaria seu peso. Por isso, sentou-se no chão e meditou por alguns instantes numa forma de fazer isso.
Em seguida, levantou e desamarrou a trouxa que trazia nas costas. De dentro retirou uma faca e um pedaço de pano. Depois, enrolou o filhotinho no pedaço de pano e o colocou na trouxa de roupa para protegê-lo.
Deixou o filhote e a trouxa de roupa dependurada no galho mais baixo da árvore e desapareceu por algum tempo.
Cerca de meia hora mais tarde, ele retornou trazendo em sua mão duas enormes varas de bambu. Então, ele retirou os galhos do bambu e, usando o mesmo pedaço de peno usado para enrolar o animalzinho, conseguiu prendê-lo de forma que, ao colocá-lo sobre o ninho, o passarinho conseguisse se soltar e escorregar para dentro do ninho.
Foi uma trabalheira danada, mas depois de inúmeras tentativas, finalmente o filhotinho foi posto de volta ao ninho, junto de seus dois irmãos.
Findo a tarefa, o homem pegou suas coisas e continuou sua jornada sem destino assobiando a canção: DEIXE-ME VOAR
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