GUERRA CONTRA A DEMOCRACIA
Os EUA com a justificativa absurda de que o Iraque não está se desarmando, apesar de todas as evidências em contrários, está fazendo uma guerra não contra um ditador, mas contra qualquer tipo de democracia. A questão não é se Hussein é ou não um ditador. A questão é que, segundo as leis internacionais, nenhum país pode atacar o outro sem que seja atacado ou que este representa um perigo. Além disso, segundo essas mesmas leis, nenhum país pode intervir em outro para derrubar um governo. E é justamente isso que os EUA estão querendo.
Os próprios inspetores da ONU já provaram que o Iraque não representa mais uma ameaça aos EUA ou a qualquer outro país. Também fica a cada dia mais claro que o Iraque está cooperando com os inspetores. Então, por que promover uma guerra desnecessária? E mesmo que uma intervenção militar fosse necessária para forçar o governo iraquiano a se desarmar, isso não justifica o desejo americano de derrubar o presidente daquele país. Quem tem o direito de decidir isso é o próprio povo iraquiano.
E por fim. Os EUA, se decidirem atacar o Iraque, vão simplesmente jogar no lixo tudo aquilo que foi conquistado após a Segunda Guerra Mundial: a ONU. Se os EUA, mesmo sem o aval da ONU, decidirem atacar, vão mostrar para o mundo que esse órgão não tem serventia alguma; além disso, vai criar um precedente para que outros países façam o mesmo quando se sentirem incomodados com o governo de outra nação. Isso me faz lembrar as intervenções americanas em Cuba, no Haiti, em Honduras no começo do século XX. Pode até parecer absurdo, mas depois disso, nada impede, por exemplo, que os EUA, ao se sentirem incomodados com a recusa do governo brasileiro de aderir à Alça, resolvam nos atacar para derrubar o nosso presidente.
Que me desculpe aqueles que defedem os EUA; mas, antes de defender uma guerra, devem avaliar as consequências futuras. E parece-me que isso não está acontecendo.
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