Usina de Letras

0000FF”> A morte de centenas de pessoas numa escola em Beslan, na Ossétia do Norte é mais um triste capítulo da barbárie que vem manchando de negro várias regiões do planeta.

Apesar da carnificina, da morte de mais de cem crianças inocentes, a questão principal é a forma brutal com que os prisioneiros foram mantidos. Deixar crianças durante três dias sem comer, sem beber e nem mesmo permitir que fossem ao banheiro é duma desumanidade inacreditável.

Se pararmos um pouco para pensar e pegarmos esse episódio, os maus tratos a prisioneiros iraquianos pelos soldados americanos, o seqüestro e assassinato brutal de reféns pelos grupos armados que se opõe à presença americana no Iraque, o genocídio de milhares de civis inocentes no Sudão, em Ruanda chegaremos a conclusão de que voltamos à barbárie dos primeiros séculos da Idade Média.

Os motivos podem até não ser os mesmos, todavia existem muitas semelhanças entre os dois períodos. Tal como a dois mil anos atrás, as guerras religiosas e os interesses econômicos são a causa preponderante. Até mesmo o grande aumento de seqüestros de pessoas da classe média nos grandes centros urbanos por grupos organizados e especializados nos fazem lembrar da pirataria de especiarias do oriente no começo da Era Cristã.

A lição que devemos tirar não é tão somente a indignação e o horror ante tais brutalidades, mas sim o que é preciso fazer para evitar que isso continue acontecendo.

E o que me parece é que a forma como se pretende combater tais atrocidades está totalmente equivocada. Não é invadindo nações numa guerra preventiva que vai solucionar o problema. Isso só vai dar mais munição àqueles que praticam tais atos, pois terão uma forma de justificar suas atrocidades.

A forma mais correta de evitar que voltemos à Idade das Trevas, combatendo o terrorismo internacional da forma que se vem fazendo. Deve-se primeiro ver quais são as causas. Quais os motivos que levam um grupo de pessoas a matar centenas de inocentes?

A resposta é muito simples: a miséria. Onde há miséria não há esperança. E onde não há esperança não há diferença entre a vida e a morte. E muitas vezes é preferível matar e morrer por algo do que continuar a viver sem motivo algum.

E ninguém é mais culpado por tudo isso que as nações do primeiro mundo. Afinal foram elas que se enriqueceram as custas do sofrimento de milhões de vidas do terceiro mundo.

Enquanto não se fizer algo para evitar que milhões continuam sem esperança, o terrorismo e a barbárie só ganharão terreno e se tornará mais presente no nosso dia-a-dia. Talvez a sensação de medo, de que não estamos mais seguros em lugar algum seja um indício de que o pior ainda está por vir. E então à volta à Idade Média será fato consumado.